Em todo o mundo, apenas um terço (33%) dos pesquisadores são mulheres. Por causa da disparidade de gênero na ciência, em especial na área conhecida como Stem (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na sigla em inglês). Por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado neste domingo (11).
A data busca incentivar a participação e o acesso das mulheres na ciência de forma igualitária. No Brasil, a presença das mulheres na ciência cresceu nos últimos anos: segundo dados da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), nos últimos 16 anos, a presença feminina na docência brasileira cresceu 13,5%.
A nível global, pouco mais de 50 mulheres receberam algum prêmio Nobel desde 1901, número que não chega a 10% dos prêmios concedidos no período.
Foi a percepção da importância da ciência para o mundo que fez com que Julia Pacheco e Lara Franco se dedicassem às áreas de educação e tecnologia de alimentos, em Passo Fundo. Pesquisadoras da Universidade de Passo Fundo (UPF), as duas têm em comum a sede pelo conhecimento.
— Sempre vinha na minha cabeça a imagem daquela pessoa no laboratório fazendo seus experimentos e isso me despertava muita curiosidade. Mas, com o passar do tempo, comecei a perceber que no nosso contexto, o cientista também é o professor. Como percebi que a pesquisa e à docência andam juntas, isso acabou fazendo muito sentido para mim durante a minha formação como professora — conta Lara, que é doutora em Bioexperimentação.
Julia, por sua, vez, é egressa do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da UPF e, hoje, faz o doutorado em Educação. Ela pretende desenvolver um trabalho que envolve o ensino de ciências, a construção do conhecimento científico e sua relação com a democracia, investigando como o conhecimento sobre ciência pode ajudar na participação da sociedade.
— Isso envolve investigar alguns autores e temas que demandam bastante leitura e estudo. Geralmente, a gente acaba fazendo isso na individualidade da nossa casa, mas também utilizamos bastante os espaços da Universidade — comenta.
Ciência para um futuro próspero
Lara Franco entrou na UPF para fazer o mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos em 2017 e foi ao longo desse caminho que teve a certeza de que queria seguir carreira como cientista. Depois de finalizar o mestrado, em 2019, partiu para o doutorado em Bioexperimentação e, atualmente, é bolsista de pesquisa pelo projeto Techfuturo, da Secretaria de Inovação do Estado.
O projeto desenvolve o bioinsumo Biochar, que serve como um material imobilizante de vários micro-organismos e enzimas. Na prática, bactérias que vão ser promotoras do crescimento de plantas, como um fertilizante, para substituir agroquímicos parcial ou totalmente no futuro.
Segundo a pesquisadora, é a possibilidade de fazer a diferença no mundo que a atrai cada vez mais para o mundo científico.
— Sem a ciência não somos nada. Quanto mais a gente fizer pesquisa, mais a gente vai caminhar, mais a gente vai ter um futuro próspero que acho que todo mundo quer — disse.
O principal conselho de Lara para as pessoas, em especial mulheres, que têm interesse em entrar na área científica é que sejam curiosas.
— Uma das maiores qualidades de um cientista é ser curioso, é ser inovador, ter essa chama de inovação consigo. Ao ter cada vez mais mulheres trabalhando com isso, a gente vai se fortalecer como mulher, como profissional e como cientista, e devolver isso para sociedade, que eu acho que é uma das coisas mais importantes — pontuou.