Representantes de entidades regionais discutiram o futuro do norte gaúcho e suas potencialidades na primeira edição do painel GZH Talks. Com mediação do jornalista Mateus Rodighero, foi realizado nesta quinta-feira (11), na sede do Grupo RBS, como parte das comemorações do primeiro ano de GZH Passo Fundo.
Entre os destaques da noite estiveram o olhar para o desenvolvimento humano e a importância da coletividade. Um dos painelistas, o prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida, compartilhou a percepção de que o grande ativo das cidades para o futuro será quem tiver as melhores pessoas.
- A capacitação vai ser o grande diferencial para o futuro, por isso a importância da educação. Mas é algo que demora, não é simples e precisa começar o quanto antes – avaliou Almeida.
O prefeito ainda ressaltou que Passo Fundo tem oportunidades, mas que falta capacitação profissional para as pessoas entrarem no mercado de trabalho. Por isso projetos como a Escola das Profissões e o Café com Emprego foram criados em parceria com o setor privado.
Mão de obra qualificada também é o desafio no agronegócio, apesar da evolução tecnológica. A grande preocupação, afirmou o painelista e presidente da Cotrijal, Nei Mânica, é ensinar as pessoas.
— Precisamos de cursos não só na universidade, mas profissionalizantes, em que a pessoa já saia exercendo uma profissão. O desafio é preparar a sucessão, capacitar a próxima geração. O maior patrimônio são as pessoas que estão nas empresas — destacou Mânica.
A questão também é desafiadora entre quem busca empreender. Além da burocracia, a inclusão digital e a formação dos empreendedores foi apontada pelo painelista Evandro Pereira da Silveira, presidente da CDL Passo Fundo.
— A veia de empreendedora é uma vocação, uma fortaleza da nossa cidade. Mas a gente precisa ajudar na formação do empreendedor. Só a boa vontade não é mais suficiente para o negócio prosperar — disse Silveira.
O ponto do debate ressoou também com o setor da construção civil, que vê a necessidade crescente de qualificar seus trabalhadores, como afirmou o CEO da UNA Construtora, Cristano Basso.
— Na construção civil a gente também tem muitos desafios pela frente, mas as empresas não deixam de acreditar na nossa região. Cada vez tem uma uma nova empresa se instalando e vai se unindo a todos esses setores com as moradias, com os imóveis e com os empreendimentos.
Desenvolvimento humano
Entre quem educa, a resposta para o futuro, além do conhecimento, pode estar na coletividade. Para o pró-reitor acadêmico da Universidade de Passo Fundo, Edison Alencar Casagranda, que também integrou o painel, a educação é impulsionadora do desenvolvimento, mas as instituições precisam trabalhar de forma conjunta.
— Passo Fundo talvez só seja o que é hoje porque as instituições surgiram de forma coletiva. Que associam as pessoas, aproveitam o que há de melhor, potencializam o que elas têm em nome de um desenvolvimento coletivo — defendeu.
O presidente da Faculdade Ideau em Passo Fundo, Flávio Barro, acredita que as instituições de ensino superior podem colaborar mais para o desenvolvimento, e isso começaria pela atualização de metodologias para a nova geração.
— A educação ativa, em que o jovem é o protagonista, é uma alternativa. Ele parte do que faz no dia a dia para aprender. É um caminho no momento em que no sistema tradicional nós estudamos de forma obrigada — ponderou.
Conexões
O GZH Talks também buscou conectar as lideranças regionais, já que representantes de outros setores estiveram na plateia do evento e puderam interagir durante o painel, compartilhando suas visões sobre os temas abordados.
Um dos ouvintes foi o presidente da Atitus Educação, Eduardo Capellari, que também desafiou os participantes a atuarem de forma mais colaborativa e regionalizada.
— A região Norte ainda não fez o seu dever de casa, não tem um olhar coletivo, uma associação. Ainda pensamos muito individualmente e não temos uma política regional. É um desafio para as lideranças pensar esse processo — comentou.
Já o diretor Técnico do Hospital de Clínicas de Passo Fundo, Doutor Juarez Dalvesco, enfatizou a valorização das pessoas na construção de um futuro próspero. Segundo ele, a maior riqueza que uma comunidade pode ter são os seus recursos humanos.
— O grande desafio é mantermos um nível de excelência de formação de recursos humanos que nós temos aqui — comentou.
Para o mediador do painel GZH Talks, Mateus Rodighero, o objetivo do evento foi cumprido ao aproximar setores e abrir espaço para a troca de ideias, conectando o norte gaúcho.
— Nosso propósito em GZH Passo Fundo é provocar as discussões, e todas as falas convergem na necessidade de olhar para o futuro de forma integrada — finalizou o jornalista.