Por Alexandre Elmi, jornalista
Com a saída de Paulo Pimenta do comando da comunicação federal, é inevitável retomar uma ideia na qual acredito há algum tempo. No setor público ou na iniciativa privada, em algumas circunstâncias quando algo não funciona, é comum atribuir a culpa à comunicação. Não vejo esta tendência como um problema, porque comunicação é algo que sempre falta e, invariavelmente, pode ser melhor.
Não importa o quanto se planeje e execute e quais tenham sido os resultados concretos já alcançados: em comunicação, sempre é possível fazer diferente, ser mais criativo, assertivo ou cirúrgico. Aceitar esta realidade é até um estímulo, porque, na maioria das vezes, há mesmo formas alternativas de fazer. Se pensarmos bem, em qualquer situação humana é assim, mas, com a nossa atividade, as exigências são maiores, e a paciência, menor.
Outro aspecto que aumenta a pressão: todo mundo parece entender de comunicação, o que democratiza a cobrança. A mídia invade as nossas vidas de uma forma muito profunda. Por sermos produtores e consumidores de conteúdo em larga escala, ao mesmo tempo, muitos se julgam em condições técnicas de avaliar e detectar insuficiências, erros e tropeços comunicativos. No fundo, isso também é positivo. É bom que o público possa avaliar e contribuir, pois a verdade é algo que está em algum ponto entre tantas certezas.
A comunicação é uma das atividades mais relevantes deste mundo confuso, dispersivo e intenso em que vivemos
Sem entrar no mérito das questões práticas e das avaliações internas ligadas à postura e à estratégia do ministro Pimenta, também vale lembrar que precisa existir uma sintonia básica entre discurso e prática. A comunicação funciona se o governo ou a empresa funcionam, porque dizer e mostrar tem potência, mas é algo que se perde se o que se diz não corresponde à ação e às evidências. Promover esta sintonia é o segredo.
A comunicação é uma das atividades mais relevantes deste mundo confuso, dispersivo e intenso em que vivemos. Quando apontam para ela como responsável por algo que não funciona ou mesmo se funciona, é sinal desta relevância. O problema é da comunicação porque a comunicação nos faz humanos, e humanos, sabemos todos, são naturalmente imperfeitos.