Por Adão Villaverde, engenheiro e professor de gestão do conhecimento e da inovação da Escola Politécnica da PUCRS
Os efeitos do domínio da produção dos dispositivos semicondutores na geopolítica mundial aumentam cada vez mais, sendo hoje impactantes positivamente para países que detêm expertise no tema.
A manufatura de sua tecnologia é fundamental, tanto do ponto de vista dos negócios quanto da soberania científico-técnica, chegando a ser estratégica no campo da defesa e da segurança das nações.
É neste cenário que Chris Miller escreve 'Chip War', traduzido como 'Guerra dos Chips', no qual revela a eletrizante batalha pelo dispositivo tecnológico mais importante do mundo hoje
É por isso que investimentos de alguns países são espantosos, e o mercado do setor projeta para o final da década uma movimentação de US$ 1,5 trilhão. É neste cenário que Chris Miller escreve Chip War, traduzido como Guerra dos Chips, no qual revela a eletrizante batalha pelo dispositivo tecnológico mais importante do mundo hoje.
Diferentemente do que foi outrora, atualmente a manufatura se concentra praticamente na região do Pacífico Leste, onde se destacam Taiwan, Coreia, Singapura, Malásia, Vietnã e outros que, com a tragédia pandêmica da covid e a guerra Ucrânia-Rússia, deslindaram a incapacidade da região em responder à demanda global. Inclusive a do Brasil, que teve que parar linhas de montagem do setor automobilístico por falta de chips.
É por isso que os Estados Unidos reservam no seu orçamento público US$ 280 bilhões, até o fim da década, na Chips and Science Act (Lei dos Chips) e a China, em resposta às restrições americanas, se contrapõe com projeções de quase US$ 1,4 trilhão, cinco vezes mais do que os EUA.
E tudo isso deságua em tensão geopolítica e comercial, vide a disputa pela ilha de Taiwan, alterando a conjuntura do setor, que vive um momento de rearranjo na sua cadeia produtiva. Investimentos passaram a ser mais consistentes, resilientes, desconcentrados e estratégicos, com os eventos climáticos se tornado catalisadores de demandas por esses dispositivos, que têm na descarbonização e na transição energética potenciais descortinadores de possibilidades de futuro. Pois podem combinar sustentabilidade com negócios, desenvolvimento, trabalho e renda, exatamente aquilo que o mundo aclama e conclama hoje.