Por Maria Luiza Pradella Ramos, psicóloga especialista em situações de luto e integrante do Núcleo de Luto do Centro de Estudos da Família e do Indivíduo (Cefi )e Faculdade de Psicologia(Facefi)
O dia 2 de novembro pode ser apenas um feriado, mas também é um dia de silêncio e reflexão, de visitar o cemitério para homenagear um ente querido que morreu. Este é um dia de múltiplos significados. Assim como as relações são singulares, a vivência do luto e a nova relação estabelecida com quem morreu também podem ser.
Ao longo da história, muitos rituais foram criados para reverenciar os mortos, tais como os rituais do povo celta, de acender fogueiras e oferecer alimentos para acolher as almas. Com a expansão do cristianismo, essas tradições pagãs foram incorporadas e adaptadas pela Igreja Católica, que instituiu o Dia de Todos os Santos, em 1º de novembro e o Dia de Finados, em 2 de novembro, tradição que se mantém até os dias de hoje.
É preciso encontrar novas formas de conexão com quem já se foi, e essa é uma construção individual
As relações não se acabam com a morte de quem amamos, são transformadas. É preciso encontrar novas formas de conexão com quem já se foi, e essa é uma construção individual. As celebrações de datas especiais e a realização de rituais podem ser facilitadores para iniciar ou até mesmo manter esse processo.
Quando se visita um cemitério, há diversas formas de homenagens: levar flores, fazer uma oração em silêncio, atitudes que revelam a continuidade de um laço após a morte. A história de quem partiu pode ser revelada através das sepulturas. Algumas são verdadeiras obras de arte e trazem, em suas peculiaridades, a singularidade do ente querido.
O uso da tecnologia também está modificando a forma de homenagear quem partiu. Antes, tínhamos uma lápide com foto e epitáfio, hoje já existe a opção de um QR code, no qual, ao apontar a câmera do celular, é possível acessar memórias afetivas e legado.
É possível preservar uma conexão amorosa com as memórias do passado, buscando novas vivências, em um processo de ressignificação no presente. Assim, no Dia de Finados, busque seus recursos emocionais e seu potencial criativo para criar seus próprios rituais de conexão com seus entes queridos e, assim, manter vivas suas memórias, suas histórias e seus legados.