Por Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do RS
A maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul ocorreu há seis meses. Ela foi tão devastadora que, passado todo esse tempo, temos ainda 3 mil estabelecimentos comerciais que não conseguiram se reestruturar para reabrirem suas portas.
Estamos lutando bravamente para reconstruir o Estado, mas essa etapa tem sido ainda mais desafiadora do que amparar as vítimas das enchentes com abrigo, roupas e alimento. Contamos muito, nesse sentido, com a solidariedade de todo o Brasil, mas a reconstrução tem esbarrado na falta de recursos, que não chegam principalmente por falta de empenho do governo federal. A maior parte dos recursos é fruto de abatimentos de impostos e de fundo de garantia. Não há dinheiro novo. Além disso, empréstimo para empresas que têm crédito. E para quem não tem? É pouco.
Necessitamos estimular o consumo de produtos gaúchos, de modo a movimentar o setor produtivo e, assim, nosso varejo
Há um sentimento geral de que o pior passou. Em termos sim, porque sabemos que nada importa mais do que vidas — e essas, com a solidariedade de todos, conseguimos salvar a maioria das que estavam em risco. Agora, vivenciamos outra etapa. É muito difícil conviver com o fato de que 3 mil empresas do comércio e do setor de serviços estão fechadas desde a tragédia. Mais do que triste, é comovente.
Entretanto, permanecemos resilientes e não vamos descansar até a reconstrução total de nosso Estado. Sabemos dos desafios e estamos, a partir do associativismo do movimento lojista comandado pela CNDL, contribuindo para a retomada de quem abriu as portas com novos mobiliários e computadores. Estamos trabalhando também com o poder público, ao lado do governo do Estado e do parlamento, para construir as alternativas que nos recolocarão no rumo do desenvolvimento.
Temos o desafio de realocar não apenas estabelecimentos, mas até municípios. Necessitamos estimular o consumo de produtos gaúchos, de modo a movimentar o setor produtivo e, assim, nosso varejo. Precisamos de crédito e carência para conseguirmos reabrir todos os negócios gaúchos ainda inoperantes para devolver a plena dignidade a todos.