Por Nadine Clausell, professora da Faculdade de Medicina da UFRGS e cardiologista no Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Doenças cardiovasculares podem ser agravadas pelo diabetes tipo 2 (DM2), como a insuficiência cardíaca (IC), que é a maior causa de morte na sexta década de vida e acomete 60 milhões de pessoas no mundo. Sem o devido cuidado, o DM2 gera danos nos vasos sanguíneos e disfunção do músculo cardíaco.
Na IC, o coração perde parte da capacidade de bombear o sangue, levando a menor oxigenação dos órgãos e tecidos. Isso justifica os sintomas como falta de ar, fadiga, inchaço nas pernas, pés, tornozelos e abdome, palpitações e coração acelerado. A IC é a complicação cardiovascular precoce e mais comum em pacientes com DM2 — com uma prevalência maior do que o infarto e o AVC. De 10 a 30% dos pacientes com DM2 apresentam IC e, em geral, têm duas vezes mais risco de desenvolver IC quando comparados a indivíduos sem diabetes.
No Dia Mundial do Diabetes, uma promissora opção de tratamento — a finerenona — chama atenção
No Dia Mundial do Diabetes, uma promissora opção de tratamento — a finerenona — para a IC de fração de ejeção preservada e levemente reduzida chama atenção.
Segundo o estudo Finearts-HF, a finerenona bloqueia o receptor de um hormônio, a aldosterona, produzido pelas glândulas adrenais — responsável pelos inchaços e pelo processo que leva à rigidez do músculo do coração. A análise apontou uma redução de 16% no risco relativo de morte cardiovascular e eventos totais de IC em pacientes com IC de fração de ejeção preservada ou levemente reduzida.
A finerenona tem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar a doença renal crônica (DRC) associada ao DM2 — que leva à incapacidade dos rins de realizar suas funções. Vale ressaltar a correlação entre as duas doenças — de 35-70% dos pacientes com IC têm DRC, sendo muito pior se ambas estiverem presentes.
A aguardada aprovação da finerenona para o tratamento desse tipo de IC representará um avanço terapêutico substancial para uma condição com altas taxas de mortalidade e que carece de opções de tratamento que modifiquem desfechos como mortalidade e qualidade de vida.