Por Celestino Oscar Loro, presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias)
Vivemos um momento em que a economia brasileira clama por atenção. A situação fiscal do país deteriora-se, e continuamos repetindo os mesmos erros que nos trouxeram até aqui. A verdade é que o Brasil está à beira do descontrole. O problema é claro: estamos gastando mais do que arrecadamos, e nossa dívida pública cresce de forma insustentável.
As reformas estruturantes não acontecem. O aumento de gastos foi autorizado e justificado por uma série de manobras fiscais, como a PEC da Transição e a substituição do teto de gastos pelo arcabouço fiscal. No entanto, essa troca, que deveria ser uma garantia de responsabilidade fiscal, se tornou apenas um cheque em branco para mais despesas. Enquanto isso, a inflação aumenta, corroendo o poder de compra da população, e a taxa de juros continua em elevação, na tentativa de conter essa alta.
Chegou o momento de dar um basta na política do “voo cego”, em que soluções são constantemente adiadas e a gravidade da situação é minimizada
A taxa de juros, porém, é um paliativo, uma resposta a um problema que está na raiz: o descontrole das contas públicas. É como tentar reduzir uma febre com analgésicos sem tratar a infecção que a causa. O juro elevado inibe o crescimento, reduz a arrecadação e, ao final, agrava o déficit. Estamos num círculo vicioso que lembra o cenário de 2014, mas agora o “buraco” é muito maior.
Precisamos encarar essa realidade. Não podemos continuar negando o óbvio. A economia exige medidas estruturantes, cortes reais de despesas e um compromisso verdadeiro com o ajuste fiscal. Chegou o momento de dar um basta na política do “voo cego”, em que soluções são constantemente adiadas e a gravidade da situação é minimizada.
É urgente que o governo assuma sua responsabilidade fiscal e faça as reformas necessárias. Ao negarmos o óbvio, quem paga essa conta já sabemos: os mais vulneráveis econômica e socialmente.