Por Fábio Bernardi, sócio-diretor da HOC
No início deste mês, estive numa missão empresarial no Vale do Silício, numa imersão em inteligência artificial. A velocidade das transformações, vista in loco, é impressionante. Como já disse alguém, estamos na era da pedra lascada em se tratando da IA, impressionados da mesma forma que ficaram aqueles que viram os primeiros celulares — mal sabiam eles tudo que ainda viria pela frente.
Mergulhando em big techs, a pergunta 'onde será que isso tudo vai parar?' vira uma afirmação cristalina: 'não vai parar'
Mas sabemos nós tudo que ainda vem pela frente. Mergulhando em big techs como Nvidia, Salesforce, Oracle, Scale, c3.ai, só para citar algumas das empresas que visitamos, a pergunta “onde será que isso tudo vai parar?” vira uma afirmação cristalina: “não vai parar”.
Claro que os avanços exponenciais e as inúmeras possibilidades práticas da IA nos deixam em zigue-zague entre estarrecidos, maravilhados e apavorados. Mas não foi isso o que mais me chamou atenção nas 25 empresas que visitamos. Em todas as conversas, em determinado momento, o fator humano vinha à tona como um ponto crucial. Uma boa síntese é o que ouvimos na Nvidia, que ao lado da OpenAI é uma empresa símbolo destes novos tempos: “nosso maior desafio é a capacidade humana de conseguir lidar e tirar proveito da velocidade dos avanços”.
Na semana passada vimos um foguete que dá ré e robôs eretos fazendo o trabalho de garçom e pedreiro. O que será que vai valer a pena estudar nos próximos anos? Qual profissão não será completamente transformada? No Vale do Silício uma das empresas tinha 3 mil engenheiros de software, hoje tem 600. Se até quem faz a IA é substituído por ela, o que resta para os outros?
Viver intensamente o epicentro da IA no mundo só reforçou minhas crenças: o futuro é uma página em branco, as pessoas continuarão querendo se emocionar com outras pessoas e o mundo será melhor quanto mais criativo for.
A inteligência artificial vai entregar melhor e mais rápido tudo que for objetivo, quantitativo, previsível e mensurável.
Mas a vida reside no inesperado, no imponderável, na faísca que atiça o fogo. O que vale mesmo a pena não pode ser medido. Mas isso já é assunto para o próximo texto.