Por Nelzo Luiz da Silva, diretor industrial da Braskem RS
As inundações trouxeram uma reflexão sobre o papel que cada agente social, governamental e econômico tem a desempenhar no controle e na mitigação dos riscos ambientais. É um caminho de longo prazo a ser percorrido. Mas o enfrentamento das catástrofes climáticas requer medidas imediatas.
Pessoas privadas do atendimento de suas necessidades básicas não podem esperar. Mas a interrupção da atividade econômica também deve ser enfrentada com urgência, pois os efeitos dos desastres ambientais são de longo prazo e de grande alcance. A Confederação Nacional dos Municípios calcula que eventos climáticos causaram prejuízos de R$ 105,4 bilhões ao país em 2023. Sem considerar o impacto de médio e longo prazo da desaceleração da atividade econômica.
A perspectiva mudou e que o traçado de cenários a partir de experiências passadas deve ser substituído pela capacidade preditiva técnica e embasada, para o bem das organizações e da sociedade
A complexidade envolvida na gestão de riscos climáticos é bem maior do que a que as empresas costumam lidar. Colaboração entre iniciativa privada, governos e comunidades para repensar a infraestrutura em função das mudanças climáticas; cultura organizacional que privilegie o diálogo com a comunidade e a valorização do capital humano; acompanhamento e análise climática de rotina; implantação, adaptação ou transferência de instalações segundo estudos geoambientais atualizados e aprofundados. A lista é grande e perpassa todas as atividades de uma empresa, independentemente de seu porte ou setor de atuação.
Iniciativas setoriais podem orientar as políticas internas das empresas. Como o grupo de trabalho instalado pelo Ministério da Indústria, Comércio e Serviços que deverá apresentar metas de adaptação às mudanças climáticas até 2030 e diretrizes para 2035 a 2050.
Os prazos para a tomada de decisão estão se esgotando rapidamente. Altos custos de reparação, interrupção de fornecimento de insumos e produtos, prejuízos humanos, com a perda de vidas, e financeiros, como os que experimentamos, mostram que a perspectiva mudou e que o traçado de cenários a partir de experiências passadas deve ser substituído pela capacidade preditiva técnica e embasada, para o bem das organizações e da sociedade.