Por Carlos Eduardo Bellini Borenstein, cientista político
Nos últimos anos, observamos uma mudança no comportamento eleitoral em Porto Alegre, cidade que já foi o principal reduto das esquerdas no país. A reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB) consolida esta transformação e o avanço da centro-direita.
A transição do poder começou em 2004, quando, com a vitória de José Fogaça (PPS), a hegemonia de 16 anos do PT foi quebrada, inaugurando um ciclo de governos de centro-esquerda. Tal metamorfose foi reforçada em 2008, com a reeleição de Fogaça (PMDB) e consolidada em 2012, com a reeleição de José Fortunati (PDT).
As transformações nos últimos 24 anos têm também como característica as derrotas do PT, que acumula seis insucessos eleitorais
Em 2016, o comportamento eleitoral dos porto-alegrenses mudou novamente, inclinando-se para a direita, com a vitória de Nelson Marchezan Júnior (PSDB), tendo o PP como aliado central. Em 2020, a vitória de Sebastião Melo (MDB), em aliança com o DEM (hoje, União Brasil), reforçou o alinhamento à direita. Este ciclo se consolida em 2024, com a reeleição de Melo, novamente tendo a direita — representada pelo PL — como aliada estratégica.
As transformações nos últimos 24 anos têm também como característica as derrotas do PT, que acumula seis insucessos eleitorais. A última vitória petista ocorreu em 2000, com Tarso Genro.
A Câmara Municipal também mudou. Entre 2016 e 2020, a representação dos partidos de direita cresceu de sete para 12 cadeiras. O centro caiu de 13 para 10 vereadores. A esquerda se manteve com 13 assentos.
Nos pleitos para prefeito, o MDB tem ocupado papel central nesta mudança. Fundamental nas reeleições de Fogaça e Fortunati, o MDB se reposicionou, estabelecendo alianças à direita e vencendo três das últimas cinco disputas na Capital.
Já o PT vive um desgaste em Porto Alegre, que teve início em 2004, antes da ascensão da direita e do antipetismo no país. Além das dificuldades em renovar sua agenda e as lideranças, o partido está isolado na esquerda e se afastou do centro, que foi empurrado para a direita, consolidando o ciclo de centro-direita.