Por Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr., advogado e chairman do Instituto Millenium
Se outros fossem os hábitos de nossa cultura e cidadania, renderíamos justas e merecidas homenagens às maiores expressões públicas que, em momentos decisivos da história pública brasileira, não faltaram com seu exemplo de honra, inteligência e caráter. Apesar de ilustres manifestações pontuais, o notável filho de Alila e Francisco merece mais. Natural de Bagé e orgulho do Rio Grande, Paulo Brossard de Souza Pinto faz parte de um timbre em extinção. Não se ignora que os tempos mudam, trazendo consigo novas dinâmicas e circunstâncias. Todavia, há algo de essencial no desenvolvimento das civilizações: a fibra humana superior, tecida entre laços de virtude, coragem e ação.
Em tempo, quando muitos calaram, foi voz veemente e altiva no Senado em defesa da lei e da restauração da normalidade democrática
Ora, é indisputável que a grandeza de um homem não se faz sozinha. Além de contar com a companhia amável de Dona Lúcia e o esteio da família, Dr. Paulo contou com o referencial de bons amigos: Raul Pilla, Décio Martins Costa, Carlos Britto Velho, Orlando Cunha Carlos que, somados a outras distintas personalidades, formaram o augusto Partido Libertador, ecoando a fibra originária de Gaspar Silveira Martins e de J. F. de Assis Brasil. Viveram um tempo no qual os partidos eram autênticos e não meras empresas eleitorais. Um tempo no qual a palavra tinha valor. Um tempo no qual acreditávamos na política porque tínhamos políticos que nos respeitavam.
Aliás, a trajetória modelar fala por si: deputado estadual, secretário de Estado, deputado federal, senador, consultor geral da República, ministro da Justiça e ministro do Supremo Tribunal Federal. Sim, há outros títulos e predicados, mas em todos a certeza da decência e altura de procedimentos. Em tempo, quando muitos calaram, foi voz veemente e altiva no Senado em defesa da lei e da restauração da normalidade democrática. Na pasta da Justiça, foi decisivo na arquitetura das condições políticas necessárias ao surgir da Constituição de 1988, culminando com sua nomeação à suprema magistratura.
Mais do que lembrar passagens de uma vida extraordinária, não poderia faltar o terno agradecimento a meu maior dos mestres. Aquele que num difícil dia de inverno, me acolheu, orientou e fez resplandecer a luta pela justiça. Tal como sempre foi, como assim sempre será.