Por Ricardo Bidone, engenheiro civil e conselheiro da Fiergs
Nos dias 24 e 25 de outubro, em São Paulo, será concluído o ciclo mais recente de debates do B20. B20 é o grupo composto por líderes da indústria dos países que compõem o G20. Trata-se de uma espécie de força-tarefa com o objetivo principal de discutir temas de negócio e ambiente empresarial. Com presidência rotativa, coube ao Brasil a orientação dos trabalhos neste último ano.
O industrial Dan Ioschpe liderou esse processo. O ambiente de discussões estabeleceu oportunidade única para, além da análise de questões complexas da geopolítica que envolve os países, proposição de uma agenda de Estado específica para a indústria brasileira. A atividade industrial, cuja relevância vem encolhendo nas últimas décadas, responde hoje por aproximadamente 10% do PIB.
A inserção competitiva do Brasil no contexto mundial é prejudicada pela falta de uma política consolidada e institucionalizada
Deverá surgir um documento que sugira o estabelecimento de uma política industrial não transitória. As discussões avançaram norteadas pelos seguintes eixos: infraestrutura; transição energética; agricultura sustentável; comércio e transformação digital; descarbonização e redução das desigualdades. Ocorreu a opção por definirem-se poucas recomendações bastantes aplicáveis.
A inserção competitiva do Brasil no contexto mundial é prejudicada pela falta de uma política consolidada e institucionalizada. Essa carência perpassa questões que vêm sendo enfrentadas há décadas, como custo-Brasil, baixa produtividade e gargalos logísticos. A visão sistêmica/completa do ambiente de negócios exige uma abordagem transversal/horizontal para solução de problemas.
Cláudio Bier, recém empossado presidente da Fiergs, definiu que sua gestão priorizará: competitividade; inovação; desenvolvimento e retenção de talentos; e reconstrução das indústrias pós-enchente. Existe grande sinergia entre o programa de trabalho encabeçado por Bier e os tópicos enfrentados pelo B20. Esse alinhamento é muito positivo e beneficia o RS. Iniciativa privada e estado, agora, precisam convergir, de modo a estabelecer uma política industrial de longo prazo.