Por Vítor Torrez, psiquiatra e professor, doutor em Bioquímica e com pós-doutorado em Educação em Ciências
O tempo está passando rápido demais para você? Com a correria do dia a dia e o bombardeio constante de informações, é fácil entrar no "piloto automático" e ignorar os sinais de alerta de que algo não está bem. Pior ainda, percebemos que alguma coisa está errada quando os problemas já se tornaram graves. Por isso, é essencial criar momentos de pausa para cuidar da mente antes que os desafios se tornem insustentáveis.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é líder mundial em prevalência de transtornos de ansiedade, que atinge 9,3% da população. Na América Latina, somos os que mais sofrem de depressão. Esta última, principal doença mental associada ao suicídio, pode ser silenciosa, disfarçando-se como cansaço e desânimo. Já a ansiedade rouba a paz, tornando a vida em uma constante preocupação.
Se a vida parecer vazia e sem sentido, lembre-se de que procurar ajuda não é fraqueza, mas um ato de coragem e autocuidado
Quando caímos nesse ciclo, começamos a nos deixar de lado. O sono, que deveria ser restaurador, pode se tornar um desafio. Na correria, o exercício físico sempre fica para depois. O que você pode mudar, mesmo que aos poucos, para se aproximar de uma vida que, para você, valha a pena ser vivida? Passo a passo, é possível reverter esse quadro e a vida voltar a ter muito significado e valor.
Durante setembro, falamos mais sobre saúde mental e valorização da vida, mas essa atenção deve ser constante. Se a vida parecer vazia e sem sentido, lembre-se de que procurar ajuda não é fraqueza, mas um ato de coragem e autocuidado. Em momentos graves, pode ser necessário o uso de alguma medicação, o que infelizmente ainda é tabu para muitos. Porém, a evolução dos tratamentos faz com que já existam opções com risco muito menor de causar efeitos adversos — como perda de libido, ganho de peso e alteração do sono —, em comparação às terapias mais antigas.
Vale ressaltar que a escolha do melhor tratamento deverá ser feita sempre com base nas particularidades e preferências de cada paciente. Psicoterapia, apoio familiar e acompanhamento médico adequado podem transformar vidas. Lembre-se de que há sempre uma forma de encontrar um novo caminho.