Por Daniel Randon, presidente da Randoncorp e do Conselho do Transforma RS
Apenas sete meses após a última tragédia que assolou o Estado, novamente nos vemos diante do caos provocado pelas enchentes. A dor e a tristeza afetam famílias inteiras enlutadas e desabrigadas. A forte e atuante rede de solidariedade se reativa, mostrando a resiliência e a empatia do povo gaúcho frente ao caos. Mas solidariedade apenas ameniza as consequências, não combate as causas.
Fenômenos naturais devastadores não geram apenas destruições. Revelam, também, um brilho de esperança na escuridão: os heróis que enfrentam o desafio para salvar vidas. São indivíduos corajosos e altruístas que se tornam os verdadeiros pilares da comunidade.
Socorristas, bombeiros e equipes de resgate são os guardiões da segurança e da esperança quando as águas sobem. Arriscando suas próprias vidas, eles mergulham na tempestade para trazer conforto e salvação aos necessitados. Com gestos simples, mas repletos de significado, oferecem alimentos, roupas secas e, acima de tudo, o calor humano, tão vital nas horas mais sombrias. Esses cidadãos comuns se transformam em pilares de solidariedade e em exemplos vivos de empatia e compaixão. São esses heróis anônimos, com uniformes encharcados e olhos determinados, que enfrentam a fúria da natureza para resgatar os indefesos.
Arriscando suas próprias vidas, os verdadeiros heróis não usam capas ou máscaras
Neste momento crítico, a solidariedade e a união entre as pessoas são vitais. É preciso olhar para exemplos de cidades que souberam se reconstruir após a destruição e se inspirar em suas práticas para reerguer as áreas afetadas. A reconstrução não deve se limitar apenas à infraestrutura física, mas também incluir suporte psicossocial para as vítimas, ajudando-as a superar o trauma e a recuperar a esperança e a dignidade.
Nas enchentes e outras tragédias a que assistimos diariamente, os verdadeiros heróis não usam capas ou máscaras. Eles usam uniformes e enfrentam desafios em nome da segurança e do bem-estar coletivo. Aliás, é o que se espera das nossas lideranças, sendo necessário rever a governança e a gestão para amenizarmos as tragédias dessa dimensão. A responsabilidade de chamar a sociedade para encontrarmos soluções é das autoridades públicas. O pedido de ajuda não pode ser solicitado somente em meio ao caos, precisa ser trabalhado e articulado com mais inteligência e planejamento.