Por Gabriela Ferreira, consultora em inovação e professora da PUCRS
Será esta a coluna de um milhão de dólares? Talvez não, mas garanto a você que pode nos fazer pensar em um meio de chegar lá.
Este ano, pela sexta vez consecutiva, a Finlândia foi eleita o país mais feliz do mundo. De onde saiu isso? Do Relatório Mundial da Felicidade (World Happiness Report), que é uma medição da felicidade publicada anualmente desde 2012 pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. O que ele mede? O ranking considera fatores como apoio social, renda, saúde, senso de liberdade, generosidade e ausência de corrupção nos três últimos anos.
A Finlândia é o país mais feliz do mundo. E o Brasil é 49º no ranking
Um dos fatores que garantem a colocação da Finlândia no pódio da felicidade é a baixa desigualdade de renda. Isso, aliás, é um elemento que tem forte correlação com a felicidade, quando analisados os números de todos os países do estudo. De forma geral, quando a desigualdade de renda é maior, e há falta de condições financeiras mínimas para grande parte da população, as pessoas são menos felizes.
Mas não é só a desigualdade de renda a responsável pela (in)felicidade. A Costa Rica, por exemplo, com um nível de desigualdade de renda muito maior do que a Hungria, que é também um país europeu como a Finlândia, tem um índice de felicidade bem superior. O que faz com que a Hungria fique pior no ranking, se a diferença de renda no país é tão próxima à da Finlândia e da Noruega? Para quem pensou no clima, já que a Costa Rica é um país de praias, lembre-se que a Finlândia tem um inverno gelado e escuro, que pode durar até sete meses e as temperaturas chegam a 20 graus negativos. O inverno da Hungria é menos severo, mas igualmente muito frio. Uma das causas apontadas é a questão política. Em 2022, o parlamento europeu indicou que “a Hungria não pode mais ser considerada uma democracia plena”. Por outro lado, a Costa Rica, segundo seu presidente, ao ter eliminado seu exército (em 2013) consegue investir 8% do PIB em educação e define a força do país como sendo o talento e o bem-estar humano.
O Brasil está na 49ª posição no ranking, ficando em terceiro lugar na América Latina, atrás do Uruguai, em 28ª, e do Chile, que ocupa a 35ª posição global.
Talvez o segredo da felicidade seja muito bem guardado e difícil de alcançar. Mas algumas coisas são fáceis de entender: enquanto houver desigualdades abismais – e infelicidade de muitos para satisfação de alguns – será difícil evoluir. Talvez o caminho seja longo e, por isso, é urgente começar.