Alfredo Fedrizzi, conselheiro e consultor
Desde pequeno, a vida me permitiu viajar bastante. Nessas jornadas, conheci muitas culturas e me apaixonei por observar e me conectar com pessoas. Encontrei diversas formas de vida. E um perfil sempre me chamou atenção: o das pessoas que colocavam o trabalho em primeiro lugar. Cuidavam das suas carreiras, preocupavam-se em ganhar dinheiro, deixando em segundo plano suas famílias, afetos, amores. Alguns, até em férias, dedicavam uma parte do dia para visitar empresas. Isso nos raros momentos que se permitiam tirar férias! E quando o faziam, eram sempre curtas. Quase um bate e volta. Acredito que vem daí essa selva que alguns ambientes corporativos viraram, onde as pessoas, muitas vezes, sentem-se sugadas e são descartadas com o tempo.
Os resultados vêm da satisfação de cada indivíduo no ambiente de trabalho ou fora dele
Na contramão dessa escolha de vida, o escritor Tim Sanders, no livro O Amor é a Melhor Estratégia, fala que no mundo dos negócios o amor é bem-vindo. Ele foi corajoso em falar de amor no ambiente corporativo. Refere-se à construção de relacionamentos enriquecedores dentro e fora da empresa. Cuidar das pessoas e dividir com elas o que sabemos, acumulamos e cultivamos com nossas experiências é o que nos torna generosos e verdadeiramente interessados pelo outro e seus sentimentos. Afinal de contas, empresas são as pessoas. Os resultados vêm da satisfação de cada indivíduo no ambiente de trabalho ou fora dele.
Este assunto me veio à cabeça depois de assistir ao maravilhoso vídeo postado nas redes pelo sensível Piangers, quando ele diz: “A vida é um passeio que Deus deu a você, de mais ou menos 80 anos”. E cita o poeta Jorge Luiz Borges: “Todos os caminhos levam à morte. Perca-se!”. Ele fala da oportunidade que os pais têm de ver as apresentações escolares dos filhos, da quantidade de vezes que nos permitimos estar com nossos filhos na infância. Eu fiquei pensando naqueles que, em nome das reuniões de trabalho, nunca se permitiram estar com os filhos.
Assisti ao vídeo num momento em que me permiti reorganizar a agenda para atravessar o oceano e ficar 17 dias com minha filha, meu genro e meus netos. Nesse “passeio que Deus me deu”, tenho buscado me perder, e quanto mais me perco mais me encontro. Comigo, com meus valores, com meus amores e com tudo o que realmente importa. E, se preciso for, muitas rotas serão mudadas para estar com eles. Afinal, para fazer passeios assim, o amor é de fato a melhor estratégia. Permita-se!