Por Fabio Brun Goldschmidt, advogado tributarista
Sempre me inquietou uma contradição existente no nosso querido Parcão. De um lado da Goethe, temos um parque superutilizado, bem-cuidado, cheio de gente, com vendedores, atividades, grupos reunidos, vida e alegria por todo lado. De outro, uma enorme área de terra praticamente esquecida: pouquíssimas pessoas, quadras esportivas abandonadas, um enorme campo de futebol às moscas, equipamentos velhos e, especialmente à noite, um lugar assustador para o transeunte.
No lado “vivo”, pessoas se acotovelam na pista de corrida, disputam espaços com bicicletas e carrinhos de bebê e, nos fins de semana, seu uso se conflagra com eventos promocionais e feiras (todos muito bem-vindos, mas desnecessariamente amontoados). No lado “morto”, nada jamais acontece (com a possível exceção do cachorródromo), e alguns poucos se aventuram a utilizar quadras esburacadas e desatualizadas.
Está mais do que na hora de integrarmos os dois lados do parque, construindo uma ligação que realmente una as duas metades. Algo amplo, escultural, verde, criativo, que seja um passeio e um convite, capaz de converter-se – ele mesmo – em um ponto turístico visitável da cidade, aproveitando a propensão turística natural do bairro Moinhos de Vento. Um projeto arquitetônico moderno e inteligente, que leve o frequentador a transitar entre os dois lados, que conte com pistas de corrida e de bike que se beneficiem de toda a extensão do parque. Um projeto que conduza a um outro lado vivo e atualizado, com cafés, eventos e alimentação ao ar livre, com quadras de beach tênis e tantas outras boas ideias que se puderem somar.
Porto Alegre sempre foi uma cidade diferenciada pelo verde, pela qualidade de vida, pela quantidade de espaços comunitários
Vejo nessa união das duas metades um símbolo de sustentabilidade e uma oportunidade. Algo capaz de otimizar o uso do equipamento público, gerar prazer, integração e riqueza. Passagens largas e ajardinadas, concebidas com desenho arquitetônico inconfundível e instagramável.
Porto Alegre sempre foi uma cidade diferenciada pelo verde, pela qualidade de vida, pela quantidade de espaços comunitários que – diga-se de passagem – vêm sendo muito bem resgatados nos últimos anos. Nosso passeio aéreo integrativo seria uma declaração de amor à cidade e um destino por si só. Distribuiria memórias afetivas para todos que o visitassem. Quem sabe assim poderíamos finalmente converter nosso amado parque no aumentativo que lhe dá nome.