Por Adolfo Brito , deputado estadual
Ano após ano, a estiagem no Rio Grande do Sul tem causado prejuízos imensuráveis à economia gaúcha. Em 2023, a situação de emergência virou realidade em grande parte dos municípios do Estado. Diante desse triste e repetido cenário, pergunto: até quando continuaremos rezando para São Pedro resolver nossos problemas?
Há 23 anos, já à frente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo do Legislativo gaúcho – a qual integrei por 12 anos –, apresentei ao então presidente Fernando Henrique Cardoso uma proposta de plano de irrigação para o Estado. Repeti o gesto para diversos governadores. Fui duas vezes a Israel ver de perto como a irrigação foi capaz de transformar deserto em terreno fértil. Avançamos, mas ainda timidamente.
Por mais boa vontade que tenham nossas lideranças, é desanimador ver o Estado há tanto tempo tendo que lidar com perdas sucessivas por falta de políticas mais resolutivas neste tema
O que se constata é a necessidade de um conjunto de ações coordenadas e complementares: redes de energia robustas no campo, reservas de água próximas às propriedades, crédito atrativo para financiar sistemas de irrigação, legislações mais equilibradas e simples, entre outras iniciativas. E o que tem se visto? Um acumulado de empecilhos que dificultam a solução do problema: redes que não chegam aonde deveriam ou são fracas, crédito pouco atraente, leis ambientais enferrujadas. E assim, a falta de água se repete, o setor primário agoniza e quem perde são todos os gaúchos.
Por mais boa vontade que tenham nossas lideranças, é desanimador ver o Estado há tanto tempo tendo que lidar com perdas sucessivas por falta de políticas mais resolutivas neste tema. Definitivamente, a estiagem no Rio Grande do Sul não pode ser mais vista como um evento esporádico entre períodos de normalidade. É exatamente o contrário. Pensando assim, talvez deixemos de relativizar a importância da prevenção e não esperaremos mais que o santo lá de cima faça sempre um novo milagre.