Por Sandro Cortezia, fundador e CEO da Ventiur
A notícia da quebra do Silicon Valley Bank (SVB), o banco das startups nos EUA, gerou um princípio de pânico dias atrás, controlado pela rápida intervenção do FED, o banco central americano, que evitou um colapso no sistema financeiro.
O momento é de cautela, de entender o novo cenário e de agir rápido, mas com sabedoria. Não pode haver pânico e atitudes impensadas
Pelo que se sabe, o SVB quebrou por erros de administração. Não soube lidar com a concentração de clientes que alavancaram seu crescimento em 40 anos. Com as mudanças nas taxas de juros e a retração dos investimentos, tomou decisões equivocadas – inclusive na comunicação com o mercado – que provocaram a liquidação do banco.
Quem quebrou foi um banco, mas sua relação com o mundo das startups gerou muito burburinho e desinformação.
A elevada liquidez no mercado financeiro e os juros baixos então vigentes, principalmente entre 2019 e 2021, geraram um aumento excessivo nos investimentos em startups. Houve especulação e falta de análise criteriosa em muitos casos, de forma que várias startups captaram dezenas de milhões em valuations totalmente fora da realidade.
Em meados de 2022, o mercado mudou. Com o aumento dos juros e um cenário internacional instável, os investimentos se retraíram drasticamente. Os bons empreendedores se adaptaram à nova realidade, cortando custos e focando a sustentabilidade de seus negócios. De forma dolorosa para muitos, os valuations reduziram-se e estão voltando a patamares mais realistas, mas sem quebradeira generalizada, como ocorreu em 2001 ou 2008. Se houve uma “bolha”, como alguns chegaram a especular, ela vem se desinflando sem estourar.
O momento é de cautela, de entender o novo cenário e de agir rápido, mas com sabedoria. Não pode haver pânico e atitudes impensadas. A recomendação aos empreendedores é focar seu core-business, eliminar desperdícios e buscar resultados. Crescer, por enquanto, é secundário.
Vale também estar atento às oportunidades decorrentes das crises. O dinheiro depositado no SVB está sendo liberado e pode haver mais recursos para investimento. A avaliação será bem mais rigorosa, o que é muito bom. Já se percebe, aliás, alguns movimentos de diversificação e alocação de recursos em startups brasileiras.
Continuamos precisando de inovação, com inúmeros problemas a serem solucionados. As startups são, e continuarão sendo, a forma mais rápida e barata de inovar e criar valor para a sociedade.