Por Anik Suzuki, jornalista e membro do Conselho Editorial da RBS
Em 2022, talvez tenhamos vivido o ápice do fenômeno da polarização, com críticas, questionamentos e julgamentos sobre quase tudo, pessoas, empresas e instituições. Com o jornalismo não foi diferente, especialmente em um ano atravessado por uma guerra que desorganizou a economia global, com efeitos no Brasil, e por uma disputa eleitoral acirrada que dividiu o país.
Refiro-me àquele que apura os fatos com correção e profundidade, confiável, que nos ajuda a navegar nas complexidades de uma sociedade diversa
Veículos de comunicação e profissionais da notícia foram criticados, e alguns atacados até fisicamente, com o argumento de terem lado e supostamente mostrarem os fatos com abordagens favoráveis a esse ou aquele interesse específico. Somados à explosão da desinformação e das fake news, disseminadas nas redes sociais, criou-se o que se pode chamar de tempestade perfeita sobre a imprensa.
Há muito tempo acompanho, como jornalista, empresária e, principalmente, como consumidora de informação, os debates em torno de coberturas jornalísticas e, por isso, gostaria de compartilhar uma reflexão para quem quer estar conectado com os acontecimentos do entorno e do mundo: é difícil encontrar um momento em que o jornalismo profissional de qualidade se faz mais necessário.
Refiro-me àquele que apura os fatos com correção e profundidade, confiável, que nos ajuda a navegar nas complexidades de uma sociedade diversa, promove o contato com o diferente e nos puxa para fora da nossa bolha, na qual estão aqueles que majoritariamente pensam parecido conosco. Por meio dele, podemos observar o cotidiano sob novas perspectivas e contar com a opinião especializada de quem se debruça sobre assuntos que não temos tempo para acompanhar. Aquele que apura e fiscaliza em nosso interesse. Portanto, precisamos cada vez mais de jornalismo. Nunca menos.
O que reforça a ideia de que os veículos de comunicação e os jornalistas não estão imunes a questionamentos, e é positivo que sejam estimulados a aperfeiçoar o seu trabalho, renovar suas fontes, repensar formatos e estar sempre atentos às mudanças de hábito e comportamento da sociedade, para assegurar que diferentes pontos de vista estejam representados no debate público. E é nesse espírito que encerramos este primeiro ciclo das nossas reflexões no Conselho Editorial da RBS: estimulados pelas muitas novidades já programadas para 2023 e motivados com as discussões que ainda estão por vir.