Quem circula pela Capital costuma notar em vários pontos um grande número de postes a sustentar um emaranhado assustador de fios. É um problema recorrente que, até hoje, não teve uma resposta adequada. Prevalecia, até aqui, o jogo de empurra entre o poder público, a concessionária de energia e as empresas de telecomunicações que usam as estruturas. Não se trata apenas de um tema de poluição visual urbana. Além do aspecto negativo notado pelos transeuntes e da sensação de desleixo, o excesso de cabos, muitas vezes até caídos, pode causar acidentes ou mesmo levar a interrupções no fornecimento de luz quando esta fiação é atingida pela vegetação em dias de temporais ou de vento forte.
A partir de demandas recebidas das prefeituras de Porto Alegre e de Guaíba, a CEEE Equatorial pretende iniciar a remoção do excedente de fios nas duas cidades
Espera-se que tanto a questão estética quanto os transtornos e riscos comecem a ser solucionados com a iniciativa anunciada pela CEEE Equatorial de dar início a um programa de retirada dos fios que exorbitam a capacidade dos postes ou não são mais usados, mas permanecem suspensos e abandonados. A partir de demandas recebidas das prefeituras de Porto Alegre e de Guaíba, a companhia pretende iniciar paulatinamente a remoção do excedente de fios nas duas cidades. A cada mês, uma rua será beneficiada e a CEEE Equatorial cogita fazer o mesmo com outras cidades em sua área de concessão.
Até há pouco havia queixas sobre certo desdém das empresas que, mesmo notificadas pela prefeitura, não retiravam o excesso de fios. A CEEE, à época estatal, também sustentava que evitava remover a fiação por conta própria, por receio de prejudicar outros serviços aos consumidores, como telefonia, internet e TV a cabo. Há legislação municipal que obriga a remoção de fiação demasiada e sem uso. Mas, em regra, é ignorada. Agora, a concessionária diz ter envolvido estas outras empresas na iniciativa, o que indica maior possibilidade de sucesso. Também age corretamente a CEEE Equatorial ao anunciar que, quando deparar com material sem identificação, irá removê-lo.
A melhor solução conhecida é enterrar os cabos, mas é uma saída que, por enquanto, esbarra nos custos. A prefeitura informa ter estudo a respeito em andamento e analisa, por exemplo, exigir a alternativa subterrânea para novos empreendimentos. Grandes cidades do mundo e mesmo alguns municípios do Rio Grande do Sul, como Gramado, adotaram este recurso. Em outros locais, busca-se esta fórmula em regiões específicas. Inclusive Porto Alegre, no Centro Histórico. Se o custo é demasiadamente elevado, com potencial de onerar de maneira significativa os consumidores, é preciso ao menos analisar a fundo esta possiblidade para pontos densamente povoados ou onde a rede é mais suscetível a intempéries. Enquanto isso, que cumpra-se a lei, com a simples remoção do excesso de fios.