Por Michel Gralha, advogado
O título deste artigo tem sido a justificativa para uma série de medidas adotadas pelos governos para a manutenção do isolamento. Com a falsa expectativa de volta à normalidade, somada à conscientização de que ficar em casa, neste momento, ajudará a todos, permanecemos em nossos lares, ansiosos, mas na torcida de que estamos no caminho certo.
Aliás, não é uma decisão isolada do Brasil, e sim da grande maioria dos países. Porém, para minha preocupação e de muitos, no mês de maio, infelizmente, não estará absolutamente nada normal. Mesmo que diminuam as restrições e algumas, inclusive, já foram afastadas na semana passada, viveremos a maior crise econômica da história mundial. Sentiremos os efeitos por anos. Trata-se de um fato, não de um debate. Então por que discutimos tanto sobre o tema?
Simples. De um lado, temos uma camada da sociedade que pode ficar em casa. Na realidade, até maio ou um pouco mais! Essa situação será indiferente para suas necessidades básicas. Têm economias ou garantia de salário que transformam este tsunami em marola. Então, a reclusão é, até certo ponto, algo mais simples. Para outra massa de trabalhadores não é assim. Trata-se de sobrevivência, comida na mesa. Serão as principais vítimas do desemprego ou da falta de movimento nas ruas. Pessoas sem caixa, expressão tão em voga nos últimos dias, e já, lamentavelmente, sacrificadas pela falta de leitos, dificuldades de atendimento médico, padecendo nos corredores do SUS. Então, precisamos refletir profundamente!
O que estamos buscando com tudo isto? Quais as nossas crenças? O que estamos fazendo para sermos solidários com aqueles que realmente precisam enquanto defendemos o “distanciamento social”?! Difícil. Este tema não tem certo ou errado. Surgiram inúmeros novos especialistas em saúde e economia que, no fundo, repetem sentimentos, utilizando a base que melhor lhes convêm. Uma coisa nisto tudo é certa, maio está aí, e a realidade será extremamente dura para a grande maioria dos cidadãos. Nossas vidas não serão mais as mesmas, sob inúmeros aspectos.