Por Luís Fernando Saraiva, diretor de P&D da HPE e cofundador do Sqed
O conceito de cidades digitais nasceu nos Estados Unidos na década de 1980. Uma das definições encontradas é: cidade inteligente é aquela que, por meio do uso da informação e da tecnologia, procura atender a demandas da população como saúde, saneamento e educação, ao mesmo tempo em que encara desafios como mobilidade, sustentabilidade e diversidade social.
Centros desenvolvidos ao redor do mundo empregam conceitos como IoT (internet das coisas) e IA (inteligência artificial) para obter informações em tempo real, as quais, processadas e analisadas, sejam capazes de gerar conhecimento para aperfeiçoamentos como, por exemplo, analisar o fluxo de veículos para melhoria da qualidade do ar; ou tomadas de ações imediatas como o ajuste na frequência de transportes coletivos em função da demanda.
Em regiões menos desenvolvidas, no entanto, é necessário se pensar no uso da tecnologia prioritariamente para aumentar o compartilhamento da informação e simplificar o dia a dia das pessoas – movimento que abrange todo o espectro da população e que se faz fundamentalmente mais relevante para comunidades vulneráveis.
Calendários de vacinação, alteração em linhas e horários do transporte público, obras que geram falta de água ou de iluminação, palestras, seminários gratuitos, debates sobre problemáticas da cidade são uma pequena parte de informação de absoluta relevância para os cidadãos, que ficam escondidas em silenciosos e passivos cartazes ou websites, trazendo dificuldades e perda de oportunidade.
A tecnologia permite que um sistema informacional organizado abrace de forma acessível as pessoas, sendo alimentado por diferentes geradores de informação e multiplicado por influenciadores ligados a grupos da cidade, podendo gerar resposta rápida à sociedade com baixo custo.
Existe um enorme espaço para a implementação de sistemas de informação em órgãos públicos e privados, para que tudo aquilo que é relevante chegue facilmente aos cidadãos. Se estamos caminhando a passos largos rumo a uma Porto Alegre mais digital, impulsionados por movimentos coletivos como o Pacto Alegre, precisamos de uma população informada, integrada e igualmente incluída na dinâmica e nas oportunidades apresentadas pela cidade, um dos caminhos para um desenvolvimento social e econômico mais igualitário.