Por Stephen Doral Stefani, médico
Estamos no período de fechamentos e reflexões. Resoluções de Ano-Novo parecem uma boa forma de completar um inventário pessoal e definir planos para o próximo ano. Parar de fumar, passar mais tempo com a família, reduzir o estresse, fazer mais exercícios, começar uma dieta e, paradoxalmente, cobrar-se menos, encabeçam a lista.
Esse ritual motiva a seguir movendo em direção a melhoras. Infelizmente, 80% das pessoas esquecem o que se prometeram já no Carnaval, o que mostra que alguma coisa está errada nesse processo. Começando pelas resoluções por si só: são vagas e sem planejamento realista.
Já escreveu Fernando Pessoa que o sonho que nos promete o impossível já nisso nos priva dele, mas o sonho que nos promete o possível intromete-se com a própria vida e delega nela a sua solução. Ao invés de "fazer mais exercícios", tente "vou caminhar 30 minutos por dia". Estudo publicado na revista British Medical Journal mostra que caminhar 150 minutos por semana oferece redução de 30% de risco de diabete, 20% de risco de câncer de mama, 35% de doença cardiovascular, até 80% em osteoartrite, 30% em depressão e demência, 30% em câncer de cólon e 30% no risco de queda no idoso. Se fosse um comprimido, venderia muito.
Outro motivo de falha é que as pessoas querem resultados muito eloquentes ou imediatos. Expectativa realista e se conceder pequenos prêmios por atingir metas parciais pode contribuir. Por exemplo, ao invés de perder cinco quilos, vou perder um quilo por mês. Outro fato de insucesso é a decisão do "tudo ou nada". A maioria das vezes, essa é uma estratégia autoinfligida para reduzir a culpa pelo insucesso.
Com essas pequenas reflexões em mente, cada um de nós pode – e deve – planejar um próximo ano melhor. Fazer que nossos votos de um país melhor tenham sentido porque cada um de nós quer ser melhor também. Que o sonho de progresso e sucesso se intrometa em nossa vidas.