Por Alexandre Mendes Wollmann, presidente do Sindicato dos Engenheiros no RS
O desenvolvimento socioeconômico brasileiro e o processo de consolidação da democracia em nosso país avançaram aos trancos e barrancos nas últimas décadas, sempre à sombra da desafiadora, e por isso decisiva, priorização da educação como alavanca de um futuro melhor e mais justo. Ideologias à parte, é inexplicável nossa incapacidade de transformar essas máximas, indefectíveis nos discursos eleitorais, em formulações eficientes e democráticas, articuladas a planos de médio e longo prazos.
Seja nos ensinos Fundamental, Médio ou Superior, são inegáveis tanto a qualificação quanto a dedicação dos nossos educadores. Também no campo da pesquisa avançada não nos faltam talentos nem interatividade com instituições internacionais. Mas, então, por que parece que tudo está errado?
Se observarmos a estrutura pública de ensino no Rio Grande do Sul, por exemplo, iremos perceber um processo de sucateamento que avança a passos largos. A histórica falta de valorização dos professores se aprofunda ainda mais, substituída agora pelo aniquilamento das carreiras, como solução final ao necessário equilíbrio fiscal. Uma bomba de efeito retardado foi gradativamente montada ao longo do tempo, por pensamentos, palavras, atos e omissões, um verdadeiro pecado mortal contra as futuras gerações.
Os resultados desse desmonte já são claramente percebidos na cultura, nas artes, no conhecimento, nas ciências, na participação política, na estrutura social, nos índices de criminalidade e em todos os demais indicadores que demonstram que, ao invés de avançarmos, estamos andando para trás. No caso da Engenharia, a baixa qualidade dos ensinos Fundamental e Médio, aliada ao baixo desempenho do PIB, compromete a qualidade e a atratividade dos cursos das escolas politécnicas.
Considerando-se a formação de um número ainda menor de engenheiros, somada à perda de qualidade provocada pela precarização do ensino em todos os níveis educacionais, não é exagerada a preocupação com a capacidade que teremos para enfrentar um novo e urgente ciclo de desenvolvimento, dificuldade que, aliás, já vivenciamos nos primeiros anos deste milênio.
Engendrar um sólido plano de educação, plural, democrático e voltado ao desenvolvimento, ao conhecimento, à diversidade, à cultura, à ciência, é um desafio do tamanho do Brasil e, por isso, uma tarefa de todos.