Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas
Com uma economia e uma bolsa que não deslancham vem sempre a pergunta, mas afinal, como e quando vender ações, ou buscar sócios? Resumindo e por etapas:
1. Economias em crescimento são a primeira condição favorável a ser observada; nesse cenário, as vendas devem aumentar e a empresa pode se expandir e se tornar mais lucrativa e pagar mais dividendos;
2. A economia favorável beneficia a Bolsa de Valores e empresas com bons desempenhos ganham valor; também, o que aprecia uma ação é mais sua perspectiva futura do que sua performance passada;
3. Nesse ambiente positivo, existirá então o tema de casa de cada empresa, que consistirá na constituição de uma convincente história futura a ser mostrada a eventuais investidores; o passado é importante, mas um plano de negócios crível e novidades para o enfrentamento de um mercado competitivo e de longo prazo valorizarão mais ou menos o ofertado, sustentando seu efetivo valor;
4. As perspectivas futuras é que explicam empresas tradicionais valendo menos que empresas emergentes. As chamadas unicórnios, que rapidamente atingem valores superiores a muitos bilhões de dólares, se justificam embasando performances futuras com estratégias que combinam tecnologia e criatividade intensivas e superam empresas tradicionais sem business plans tão atraentes;
5. Um planejamento prévio é importante: é preciso preparar a empresa para buscar sócios com a construção de uma história para quando o cenário estiver positivo, podendo desta forma maximizar o valor da empresa; não há espaço para improvisos;
6. A história de crescimento é uma questão bastante óbvia e sustenta a melhoria da rentabilidade e o aumento dos dividendos, o que valorizará o investimento e atrairá interessados;
7. As razões da oferta devem ser claras: se as ações vendidas serão utilizadas para a capitalização da empresa e dar suporte ao seu crescimento, tendem a valorizar a ofertada; contrariamente, a simples venda de parte das ações do controlador, quando o recurso não passa pela empresa, em geral confessa empresas sem histórias de crescimento futuro.
8. Último ponto, a administração da companhia deverá se mostrar integrada ao case levado ao mercado, sendo decisivos a capacidade de comunicação, conhecimento do negócio e convicção. Vacilos custam caro;
9. É bom lembrar que se estará sempre à frente de investidores nacionais e estrangeiros qualificados, ávidos e preparados para encontrarem inconsistências nas histórias apresentadas. Não há lugar para amadores!