Por Isatir Bottin Filho, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro
Desde a Bíblia, o Alcorão e o Torá, muitos livros ao longo da história sofreram algum tipo de censura no Brasil e no mundo. Foram considerados "impróprios" Harry Potter, Cinquenta tons de cinza, Alice no País das Maravilhas, Admirável Mundo Novo, 1984, Lolita, O crime do Padre Amaro, Feliz Ano Novo (durante a ditadura militar no país) e vários outros.
Em nome do acesso à arte e da pluralidade, a Câmara Rio-Grandense do Livro defende a liberdade de expressão e lamenta o boicote sofrido pela XIX Bienal Internacional do Livro do Rio, censurada pelo poder municipal incomodado por uma publicação "imprópria". A liberdade de expressão é uma conquista da democracia. E é um direito intocável abraçar ações voltadas para a difusão do livro, da leitura e a valorização dos profissionais e dos espaços que fazem a cultura circular com sua singularidade. Contar, ouvir e escrever histórias faz parte do nosso estar no mundo.
Diante da crise de valores éticos e da escassez de investimento, ganham ainda mais significado eventos que ousam colocar no centro da cena o livro e as vidas, curiosidades, possibilidades, descobertas e conhecimento que a leitura desencadeia. Para além das inevitáveis questões ideológicas, reafirmamos a importância de reunir várias vozes sociais para refletir sobre o atual momento. Falar, abrir espaço, discutir, aprimorar. Jogando luzes na sombra podemos identificar pontos frágeis, analisar e provocar a mudança.
Em Porto Alegre já toma forma a 65ª Feira do Livro, que ocorrerá de 1º a 17 de novembro de 2019, um dos maiores eventos a céu aberto da América Latina, que integra o patrimônio cultural da cidade. Ao comemorar 65 anos ininterruptos em que livreiros e editores montam suas barracas na Praça da Alfândega, festejamos o encontro da comunidade com o livro e promovemos a leitura junto a escolas e entidades. A Feira apoia a pluralidade de pensamento estimulada pela diversidade de leituras que o livro proporciona. O acesso ao conhecimento é um direito humano.