Por Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio/RS
A prática ocidental de troca de presentes movimenta bilhões de reais no país, cria oportunidades de emprego e gera renda. A tradição nasceu inspirada nos presentes dados pelos reis magos ao recém-nascido menino Jesus. Na ocasião, Baltazar, Belchior e Gaspar levaram ouro, incenso e mirra. Todos tinham significados bastante específicos, mas de forma geral materializavam o quão felizes eles estavam com a chegada do Messias. Hoje, nessa data, as pessoas presenteiam-se umas às outras com artigos de vestuário, brinquedos, calçados, eletroeletrônicos... Entretanto, o sentido continua sendo de lembrar àqueles que são presenteados que são pessoas a quem queremos bem ou a quem somos gratos. Há quem diga que o Natal virou uma data apenas comercial, eu, porém, tendo a discordar. Quando se compra um presente para alguém, e essencialmente isso que move o Natal, presentear o outro, também estamos mostrando que nos lembramos, que nos preocupamos com este alguém. E isso movimenta a economia!
O Natal é a data mais esperada do ano pelos lojistas do Sul do país. No mês de dezembro, as vendas do comércio varejista do Rio Grande do Sul, por exemplo, são, em média, cerca de 37% maiores do que as verificadas na média dos demais meses do ano. Isso se desenha a partir de uma oportunidade ímpar para as empresas: pessoas com mais renda (em virtude do 13º salário) e com disponibilidade de comprar. Assim, do outro lado do balcão é fundamental encontrar pessoas bem treinadas, produtos de qualidade e condições de pagamento adequadas. E para isso é preciso planejamento e estratégia. Um "Natal bom" é providencial para preparar o caixa dos varejistas para os meses de atividade mais baixa que se seguem e, de certa forma, são o prenúncio do ano que se inicia. Depois de 3 anos registrando queda nas vendas de Natal, o comércio gaúcho viu suas vendas natalinas crescerem em 2017 e deverá ver novo crescimento em 2018.
A preparação para o Natal começa lá nos meses de agosto e setembro quando os pedidos dos varejistas chegam às indústrias. Especialmente a partir do mês do outubro, é a vez do comércio começar a contratar para atender essa demanda aquecida de fim de ano. Com isso, geram-se empregos temporários que podem virar permanentes. Como o varejo é notadamente o segmento que mais concentra população com menos de 24 anos na sua força de trabalho, o comércio varejista funciona como a porta de entrada para o mercado de trabalho para população jovem, em que se registra as taxas de desocupação mais altas.
E não é apenas o comércio que reflete o clima de confraternização. Os serviços também são impactados. Bares, restaurantes, hotéis, bem como o setor aéreo e o transporte rodoviário de passageiros sentem os reflexos desse sentimento de reunir-se, de encontrar-se com quem se gosta. E com isso, também geram emprego e renda. Assim, o Natal abre uma temporada de oportunidades, que movimenta dinheiro, mas também esperança. Enfim, que nesse Natal possamos ver nas ruas sacolas cheias de presentes e repletas de esperanças renovadas!