Por Susana Kakuta, secretária de Minas e Energia
O último apagão de maior porte no setor, ocorrido em março, trouxe à tona o debate em torno da segurança energética regional. Uma falha em uma linha de transmissão ligada à usina de Belo Monte, no Pará, deixou cerca de 70 milhões de pessoas sem luz em 14 Estados, com reflexos em São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
É preciso buscar alternativas para aumentar a segurança do abastecimento energético e, ao mesmo tempo, valorizar o potencial de cada região. Esse é o caso do Rio Grande do Sul, que há algum tempo não vem sendo contemplado nos leilões de energia, perdendo projetos para o nordeste do Brasil. A autossuficiência energética vai permitir que os projetos gaúchos de geração eólica, por exemplo, se tornem mais competitivos, uma vez que somos o Estado com maior potencial eólico do país, com 103 gigawatts.
Há diferenças regionais importantes: os ventos da Região Sul são muito diferentes daqueles da Região Nordeste; a configuração dos nossos biomas exige cuidados especiais, que complexificam a realização dos projetos. Por isso, devemos modificar a logística de como a energia é produzida, com a geração ocorrendo mais próxima do centro de carga. Assim, teremos um menor custo global e melhor flexibilidade operacional. Essa mudança de conceito passa, invariavelmente, pela realização de leilões regionais para geração de energia. Atualmente, a Aneel realiza leilões nacionais, com critérios que levam em consideração a variável preço, com objetivo de garantir a modicidade tarifária.
Essa é uma mudança necessária, que vai contribuir para a expansão da oferta, inclusive explorando nosso potencial para gerar energia a partir de outras fontes, como solar e biomassa. Sem falar da possibilidade de explorar o carvão de forma sustentável, do qual detemos 89% das reservas nacionais. Com a união de todos, poderemos construir um futuro através de inovação tecnológica e acesso à energia de qualidade.