A proximidade das eleições e, virtualmente, o fim do ano legislativo antes do pleito aceleraram a aceitação e votação de pautas-bomba no Congresso. Armados para implodir as expectativas de conserto das contas públicas e a consequente retomada do desenvolvimento, os projetos que atacam os cofres públicos são resultado de uma tortuosa mentalidade política brasileira. Por ela, cabe apenas ao Executivo zelar pelos impostos dos contribuintes – muitos parlamentares, sem compromisso com a realidade e o equilíbrio financeiro, comportam-se como adolescentes irresponsáveis intoxicados pela farra com o dinheiro dos outros.
A festança com os impostos não tem limites. Vai da tentativa de derrubar as determinações da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019 que impede mais aumentos de cargos e salários públicos à anistia de multas a motoristas e transportadoras por descumprimento da lei durante a greve dos caminhoneiros. Algumas pretensões, que incluem desde compensações maiores por desoneração sobre exportações até a perspectiva de criação de novos municípios, podem ampliar os dispêndios do Tesouro em, no mínimo, R$ 48,3 bilhões.
Em países mais avançados, parlamentares que ousam propor o mau uso de impostos ou benesses para atender a motivações promíscuas _ a anistia a empresas de transporte, por exemplo, é proposta por um parlamentar ligado ao setor _ são despachados para um limbo político. No Brasil, ainda estamos distante de punir com a derrota eleitoral quem pretende fazer da demagogia com dinheiro do contribuinte um trampolim para o voto.
Parlamentares que se comportam como se não houvesse amanhã, que ignoram regras básicas da economia e do uso racional e produtivo do dinheiro público deveriam ser parte de um passado anacrônico de uma nação prisioneira da politicagem e do toma-lá-dá-cá. Infelizmente, os populistas seguem vendendo ilusões, atendendo a interesses menores e ceifando assim a esperança de dias melhores.
A irresponsabilidade com a coisa pública só terá fim nos parlamentos brasileiros _ assembleias e câmaras de vereadores incluídas – quando o eleitor se der conta de que é ele, por meio de seus impostos e de seu voto, quem sustenta o ataque ao seu próprio dinheiro. Quando os que torram o futuro da nação na feira de benesses e delírios orçamentários não forem mais ignorados ou mesmo festejados por grupelhos beneficiados, aí então haverá uma chance de retomarmos o caminho do combate ao desemprego e da prosperidade para todos.