Por Darcy Francisco Carvalho dos Santos, economista
A imprensa informa diariamente a corrupção no setor público e isso gera uma crença generalizada que ela é a maior causa de nossas mazelas sociais.
No entanto, a corrupção, por mais abominável que seja, porque rouba o muito do indispensável aos mais necessitados, contribuiu muito para nossos males, mas a principal causa deles está no populismo e na irresponsabilidade fiscal, que podem decorrer de uma votação ou de uma simples assinatura, e gerarem um prejuízo muito maior do que aquele causado pela corrupção.
Para provar isso não precisamos ir muito longe. Basta olharmos para as finanças do Estado, onde ao longo dos tempos, houve poucos casos de corrupção. Em compensação, durante 28 anos geramos déficits sistemáticos, que produziram uma dívida que se multiplicou por mais de 27 vezes. E o crescimento desmesurado da folha de pagamento estadual nos últimos anos, muito além do crescimento da receita, é outra prova eloquente disso!
A irresponsabilidade fiscal e o populismo ocorrem a todo o momento nos legislativos estaduais e municipais, mas quero destacar a votação da lei de diretrizes orçamentárias para 2019 na Câmara Federal, que pode gerar um incremento na despesa pública de R$ 100 bilhões.
O pior é que essa aprovação vem contra ao teto para as despesas públicas, aprovado sob a justa alegação do enorme déficit público, por muitos dos que hoje mudaram de ideia por interesses populistas e eleitoreiros.
O déficit primário (antes dos juros) do país, de R$ 160 bilhões em 2016, havia se reduzido para R$ 119 bilhões em 2017, mas ainda quase meio trilhão de reais, quando se acresce os juros da dívida, é um dos maiores do mundo em proporção do PIB (7%).
O Brasil está indo para uma situação insuportável. Já era muito difícil eliminar um déficit dessa dimensão sem aumento de impostos, mas, se essa despesa autorizada vier a se concretizar, a consequência inevitável será a inflação e o aumento de impostos.
Tenhamos em mente o seguinte: não podemos mudar o comportamento dos nossos deputados, mas podemos não reelegê-los.