Por Paulo Amorim, administrador, idealizador da Parallax
Para conversarmos sobre o papel das lideranças na atualidade, em organizações públicas e privadas, assim como em grupos e comunidades, precisamos voltar um pouco no tempo e relembrar brevemente a história da liderança.
Na época antiga, os grandes líderes eram figuras que recebiam essa atribuição advinda dos deuses, aliás, os próprios deuses eram os líderes. Um pouco mais à frente, a definição de liderança passa a ser atrelada à nobreza, aos nomes e títulos que eram merecedores de tal responsabilidade.
Algo do tipo: Se você era de família X, considerada nobre e influente, você então teria o direito de assumir um povo, uma cidade, um governo e, por conseguinte, liderá-lo. Somente na Revolução Industrial é que se formaliza um papel um pouco mais definido e que é dado a profissionais que possuem determinada formação.
Neste momento, o líder, então, recebe um poder atribuído por uma organização ou comunidade e passa a representar estas formalmente, com alto poder de decisão sobre as ações que impactariam nestas comunidades e organizações.
Ocorre que o modelo que foi adotado de liderança foi o hierárquico, baseado muito no modelo tradicional das forças armadas, onde patentes maiores tinham o poder sobre menores. Neste modelo, questionar a autoridade não era algo possível e aqueles que o fizessem eram eliminados do meio.
Este modelo ainda é aplicado em muitas organizações e grupos, porém não tem demonstrado efetividade e passa a ser questionado fortemente. Pode-se dizer, sem generalizar, que ele não tem mais efetividade e, ao contrário do que muitos podem pensar, impacta negativamente nas relações com as pessoas.
Não é mais sustentável o modelo onde pessoas que representam categorias ou departamentos tomem decisões com base no que entendem ser o correto somente para si. Estas decisões não têm mais adesão e normalmente se fragilizam e são questionadas.
Liderar nos tempos de hoje requer novas habilidades e competências que há muito tempo já estão presentes em grandes líderes. A hierarquia e a autoridade têm que ceder espaço à participação e à influência. A cargo ou a patente, por si só, não tem mais efeito.
Para ser referência e influenciar as pessoas, é preciso demonstrar abertura, transparência e atuar com muita flexibilidade com relação ao contexto das pessoas à sua volta. O bom líder atua para os outros e não para si mesmo. Isto significa ser capaz de entender a realidade daqueles que ele representa e ter a capacidade de colocar isto a frente de seus interesses pessoais.
Isto legitima as ações e decisões e cria uma base sólida de relacionamento. Liderar no mundo de hoje é criar relacionamentos, entender contextos, adaptar e alinhar objetivos e expectativas e conseguir traduzir tudo isto em ações que representem as pessoas e comunidades.
O termo liderar pelo exemplo trata exatamente daquele que traz para si a responsabilidade sobre as pessoas e que adota uma atitude inclusiva, que busca compartilhar e não centralizar a autoridade. As decisões são colaborativas e tomadas a partir de uma compreensão maior do todo e de todos.