Veículos do Grupo RBS dão início ao segundo capítulo da série Ideias para o Futuro com um tema fundamental para a sociedade: para que servem os governos e como revolucionar a reconhecida ineficiência da gestão pública em todos as esferas no Brasil.
O Futuro da Gestão trata, fundamentalmente, do futuro de todos nós. Os governos surgiram como uma forma de representar os contribuintes e devolver os impostos arrecadados na forma de obras de interesse coletivo e serviços públicos, da segurança e Justiça à saúde e educação. A eficiência desse modelo que acompanha a evolução da humanidade é provavelmente o maior fato diferenciador entre sociedades avançadas e aquelas plasmadas pelo subdesenvolvimento.
No Brasil, a cultura patrimonialista herdada com a colonização legou um Estado que, antes de enxergar o bem comum, procura servir ao próprio organismo. Aposentadorias públicas precoces e com vencimentos integrais, vencimentos muito acima da média da iniciativa privada, garantia de emprego para toda a vida vêm acompanhadas – com boas e estimulantes exceções – por um serviço público que enreda a todos na burocracia, por um sistema de tributação complexo, caro e sufocante ao empreendedorismo, pela proteção pública a corporações com maior poder de pressão e pelo desestímulo geral à inovação, à eficiência e à meritocracia.
Para quem acha que não existe outro mundo governamental além da montanha de papeis, de liberações públicas arrastadas e de um cipoal legal destinado a aprisionar a criatividade e assegurar beneplácitos a quem logrou garantir uma sinecura, a série sobre o futuro da gestão aponta que existem, sim, saídas. Na Estônia, por exemplo, um país do Leste Europeu, todos os serviços públicos estão disponíveis online. Não se trata de copiar, mas sim de olhar para exemplos que estão dando certo e buscar formas de adaptá-los às necessidades brasileiras.
Nas próximas semanas, uma série de artigos irá mostrar que, se quiser deixar de ser uma eterna promessa para o futuro, o Brasil precisa renovar profundamente seus métodos de gestão pública.
Além do fato de o poder público exaurir quase todos os recursos oriundos dos cidadãos para sustentar a si mesmo e seus apaniguados, é preciso romper com uma cultura burocrática e anacrônica que desnobrece os servidores ao impedir que eles se tornem efetivos indutores do desenvolvimento coletivo. No oceano da gestão pública brasileira, por certo há ilhas, quando não arquipélagos, de eficiência e modernidade, e a série vai trazê-los à luz. São os bons exemplos, e o reconhecimento a eles, que podem acelerar a transformação. São essas ideias e iniciativas que poderão arejar a gestão e espanar para o passado as práticas públicas que mantêm grande parte dos governos no Brasil, de seus Estados e municípios aprisionados a modelos implantados nos século 19 e 20.