Um desafio nas estiagens é o abastecimento de água potável para as comunidades atingidas. Deve-se considerar não somente a quantidade de água a ser suprida, mas também a sua qualidade. Água para consumo humano deve ter qualidade superior à água que é fornecida para animais ou usada para irrigação.
O valor mínimo de água considerada para atendimento das necessidades humanas é 25 litros por dia. Em um quadro de estiagem extrema como o enfrentado pelo Rio Grande do Sul, um volume de 10 litros por dia teria que ser disponível para atender às necessidades fisiológicas e higiênicas das pessoas e minimizar o risco de doenças.
É comum que as pessoas sejam obrigadas a consumir água que apresenta risco à saúde
As opções para atender este volume seriam o abastecimento por caminhões-pipa, o uso de poços já existentes, a abertura de novos poços, a distribuição de água engarrafada e a coleta de água da chuva. Tem-se se visto que o número de caminhões-pipas é insuficiente, assim como as perfuratrizes para abertura de poços. É importante que a água da chuva, quando ela ocorrer, seja coletada dos telhados e armazenada em cisternas ou reservatórios. As necessidades diárias devem ser completadas com o recebimento de água engarrafada.
A água deve ser de boa qualidade para que as pessoas não fiquem doentes. Água de caminhões-pipas devem vir de estações de tratamento de água, e deve-se assegurar que os reservatórios dos caminhões estejam limpos para que não contaminem a água. Águas de poços superficiais e da chuva podem ser tratadas nas próprias residências através da adição de pastilhas de hipoclorito de sódio, normalmente disponibilizados em postos de saúde. Também pode-se usar a desinfecção solar, colocando-se água em garrafas PET incolores e transparentes de 1,5 litro e expondo-as ao sol durante seis horas.
Nas estiagens, por falta de opções, é comum que as pessoas sejam obrigadas a consumir água que apresenta risco à saúde, devido principalmente à contaminação por microrganismos patogênicos. Um estudo epidemiológico nas regiões afetadas provavelmente indicaria um aumento no número de doenças transmitidas por água contaminada. Trata-se de uma emergência de saúde pública.