Luis Inácio Lula da Silva é, sem dúvida nenhuma, uma personalidade política importante: foi nada menos do que presidente do Brasil, por duas vezes, e elegeu sua sucessora. Seu julgamento em segunda instância, portanto, após a condenação à cadeia e a perda dos direitos políticos em primeira instância, é histórico. Mais do que isso: é também politicamente relevante em um país cujos cidadãos mais comuns e mais pobres ressentem-se de nunca terem visto, até o advento da Lava Jato, políticos corruptos pagarem pelos seus crimes.
Para a democracia, é fundamental que corações e mentes sejam livres, não cegados ou roubados pelo populismo de um líder totalitário já condenado por corrupção em primeira instância.
A despeito da natureza jurídica de um julgamento em um Estado de Direito, porém, os petistas insistem em tratá-lo como se fosse político em essência - e não apenas politicamente relevante. Antes mesmo do veredito, insultando o devido processo legal aos gritos de “é golpe!”, esbravejam tratar-se de ação politicamente orquestrada para impedir Lula de concorrer à presidência. Não valem as provas, não valem os testemunhos. Não vale nada do que já foi dito e afirmado em juízo na primeira instância nem o que será arguido ou contestado na segunda: a intenção do Judiciário, para os seguidores de Lula, seria unicamente política.
É uma visão distorcida e distorcedora da realidade, que impede um seguidor de admitir sequer ver seu líder sendo julgado, ainda que tivesse sido pego roubando dinheiro vivo de um cofre que abriu com um maçarico enquanto era conscientemente flagrado por câmeras HD transmitindo a ação ao vivo em horário nobre. Tal falta de apreço aos fatos é a prova cabal de que tal líder roubou muito mais do que dinheiro: roubou antes os corações e as mentes de quem o segue. Esse poder avassalador que possuem a ideologia e o populismo de um líder carismático, que chegam a cegar e já arrastaram nações e povos inteiros ao abismo político, econômico e social, também serão postos à prova na próxima semana.
O Brasil é um Estado de Direito e uma democracia. Ambos em constante construção. Para o Estado de Direito, é importantíssimo que infratores e criminosos de toda ordem sejam punidos, respeitado o devido processo. Para a democracia, é fundamental que corações e mentes sejam livres, não cegados ou roubados pelo populismo de um líder totalitário já condenado por corrupção em primeira instância.