Opinião

Crise fiscal

Um projeto de futuro para o Rio Grande do Sul

Não vejo outra saída que não seja combinar ajuste fiscal com um projeto viável de desenvolvimento ,  afirma economista Aod Cunha

 
A crise fiscal do Rio Grande do Sul virou o novo normal na vida dos gaúchos. Qualquer perspectiva de um futuro melhor passará pela capacidade deste e do próximo governo resolverem esta crise. Não há projeto de futuro para um Estado que não consegue financiar políticas básicas de educação, saúde e segurança. Mas será somente o ajuste fiscal que nos trará um futuro melhor?

Precisamos também de um projeto de futuro que recupere o dinamismo econômico perdido pelo Rio Grande do Sul nas últimas décadas. Um projeto que traga esperança e una os gaúchos. As elites gaúchas (empresários, sindicatos de trabalhadores, políticos e acadêmicos) fracassaram nas últimas décadas frente à visível deterioração do desenvolvimento econômico e social no Rio Grande do Sul.  Sobraram protestos e faltou articulação para união.

Um projeto que traga esperança e una os gaúchos

As características geográficas e demográficas do Rio Grande do Sul são extremamente relevantes para entender tanto a atual crise fiscal quanto as possibilidades de desenvolvimento econômico futuro. O Estado tem o dobro da taxa de população idosa do Brasil . Nove entre as 10 cidades com maior proporção de idosos (acima de 65 anos) no Brasil estão no Rio Grande do Sul. Porto Alegre é a capital com a maior taxa de população idosa entre as capitais brasileiras. O saldo migratório de jovens com alta escolaridade é cada vez mais desfavorável ao capital humano existente no Estado. Temos que reverter essa tendência.

Somos um Estado com população pouco superior a 11 milhões de habitantes, no extremo sul do país, com condições adversas para atrairmos investimentos em relação aos mercados consumidores do Sudeste e do Nordeste. No entanto, temos uma boa opção: sermos um polo de exportação para o Exterior e para o Brasil de produtos e serviços de valor agregado mais alto. No curto prazo, temos um estoque de ativos que ainda não foi perdido com a penúria fiscal: nossos parques universitários espalhados pelo Estado. Poderia nascer daí, numa união entre universidades, empresas e poder público, um projeto de parques tecnológicos com articulação e tamanho suficientes para dar uma nova marca e um novo dinamismo ao Rio Grande do Sul. Foco no capital humano. No longo prazo, o projeto também exigiria um salto de qualidade na educação pública básica e fundamental.  Voltamos aqui, em parte, ao problema da crise fiscal. É verdade. Mas não vejo outra saída para o Rio Grande do Sul que não seja combinar ajuste fiscal com um projeto viável de desenvolvimento econômico.

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