* Médico pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre
Considerando o que acontecia anteriormente e os resultados obtidos nas últimas três décadas, houve muitos avanços nas políticas públicas e programas de controle e de tratamento do tabagismo. O Brasil conseguiu reduzir a prevalência em adultos de 35% para 11%. Graças à lei antifumo, o cidadão conquistou o direito de não ser fumante passivo. A proibição de fumar em ambientes fechados, inicialmente contestada por comerciantes que temiam prejuízos nos seus negócios, beneficiou os próprios fumantes que passaram a fumar menos e ser incentivados a parar. Outras medidas legislativas também têm contribuído para a saúde de todos: proibição dos fumódromos, da propaganda nos pontos de venda, aumento de preços de cigarros e a proibição dos aditivos que tornam agradáveis o sabor e o aroma do tabaco e da fumaça. Esta última decisão ainda sob liminar no STJ.
Nos últimos anos, já se observa diminuição das doenças relacionadas ao tabaco como DPOC (enfisema e bronquite crônica), câncer de pulmão e infarto do miocárdio.
No entanto, apesar de todas as informações e advertências, jovens ainda iniciam a fumar, em grande parte devido às artimanhas da indústria do tabaco que, por diversos subterfúgios, ainda faz propaganda, acrescenta aditivos ao fumo e mantém os cigarros a um preço muito acessível. Este conjunto de manobras mercadológicas é altamente indutor e atrativo para o consumo entre os jovens.
O Brasil tem 20 milhões de fumantes, e as empresas do setor tabageiro, sempre visando a lucros, agora investem pesado em outros produtos do gênero para manter seu trilionário mercado. Cigarros eletrônicos, narguilé, fumo em baixas temperaturas e outros são oferecidos com a falsa informação de que ajudam a parar de fumar e proporcionam redução de danos, sem qualquer prova científica confiável de que estes atributos sejam verdadeiros.
Quando o governo e a sociedade civil organizada disserem um sonoro e definitivo NÃO a cigarros e outros dispositivos de inalação de fumaças ou vapores, poderemos afirmar que esta doença estará no caminho do seu efetivo controle e extinção. Vamos fazer?