Se todos os organismos públicos agissem com o mesmo rigor que permitiu ao Exército desvendar um esquema bilionário de fraudes em aposentadorias por parte de militares temporários no Estado, o país não estaria convivendo hoje com uma verdadeira cultura de corrupção. A ofensiva conjunta feita no Estado por Polícia Federal, Advocacia-Geral da União (AGU), Forças Armadas e Ministério Público Militar conseguiu desvendar em detalhes o esquema por meio do qual, valendo-se de meios fraudulentos, militares temporários se licenciavam para tratamento de saúde. Mais adiante, conseguiam reintegração na Justiça. Até mesmo por ser alvo permanente de falsários, dinheiro público não pode ser liberado sem cuidados mínimos.
Esse é justamente um dos aspectos mais lamentáveis no caso: que o Judiciário tenha sido tão facilmente iludido. Os pedidos deveriam ter sido examinados com muito mais atenção. Deveriam ter sido feitas mais exigências na hora de decidir em favor de aposentadorias por supostas deficiências físicas e mentais. Muitas delas, foram avalizadas mesmo estando baseadas em alegações vagas de "problemas psicológicos".
É lamentável que a cultura do jeitinho, com danos ao erário público, esteja disseminada de alto a baixo no país. Constatado o prejuízo, que impacta de forma significativa o já apertado orçamento do Exército, o certo é que não basta agora punir os responsáveis. É preciso que os beneficiários da fraude, a maioria dos quais segue sem qualquer problema aparente, sejam obrigados a ressarcir os recursos subtraídos ilegalmente dos cofres públicos.