Para promover o desenvolvimento de um país, você incentivaria o nascimento de mais crianças ou a oferta de uma educação de maior qualidade? A resposta parece óbvia. A mesma lógica deveria se aplicar quando falamos sobre criação versus crescimento de empresas.
Vivemos em uma onda de empreendedorismo nunca antes vista – se há 10 anos o termo empreendedorismo nem existia no dicionário brasileiro, hoje é a palavra da moda. Associar empreendedorismo à criação de uma nova empresa não está errado, mas incompleto. Para a atividade empreendedora se traduzir em desenvolvimento econômico, precisamos focar não só em novos e pequenos negócios, mas, também, em como empresas de todas as idades, tamanhos e setores conseguem crescer. Na essência, precisamos estimular que startups se tornem scale-ups.
As scale-ups são as irmãs mais velhas das startups – não necessariamente em idade, porém mais maduras em termos de modelo de negócio. Elas integram um grupo de empresas de alto crescimento (EACs), que contam com mais de 10 funcionários e crescem pelo menos 20% ao ano por três anos consecutivos. No Brasil, as EACs representam apenas 1,3% do total de empresas, mas são responsáveis pela geração de quase a metade (46%) dos novos postos de trabalho, segundo o IBGE. Elas empregam cem vezes mais do que negócios estagnados ou que crescem timidamente. Ou seja, não é a quantidade de novas empresas que mais impacta a economia, mas, sim, a quantidade de negócios que crescem aceleradamente.
Mas, o que determina esse potencial de crescimento sustentável no longo prazo? Um estudo inédito realizado pela Endeavor e Insper mostrou que é o foco na produtividade. As scale-ups encontraram um modelo de negócio escalável, ou seja, conseguem aumentar sua atividade (produção, vendas) sem que os custos cresçam no mesmo ritmo.
Todos os pais devem concordar que é mais difícil educar um filho do que colocá-lo no mundo; assim como é mais difícil fazer uma empresa crescer do que iniciá-la. É fundamental, portanto, colocar na mesa discussões sobre políticas públicas que favoreçam não apenas a criação de novas empresas, mas o crescimento delas.
O desafio de fazer um negócio crescer é tão grande quanto o impacto que ele pode causar. Quanto mais scale-ups existirem, teremos certamente também um país mais próspero e com mais oportunidades.