A informação de que, enquanto um número elevado de pacientes aguarda por uma oportunidade de atendimento, o país investiu cerca de R$ 1 bilhão em 1.158 novas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda sem funcionar dá uma ideia dos equívocos cometidos com dinheiro público. Levantamento com base em dados do Ministério da Saúde, publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, indica que estão fechadas nada menos de 165 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e 993 Unidades Básicas de Saúde (UBS). É uma crueldade, num país com tantas carências nessa área.
As razões para esse desperdício de dinheiro público são múltiplas. Incluem desde erros de planejamento na época em que os projetos foram anunciados, a partir de 2008, até a alegada falta de recursos dos gestores municipais para colocar os prontos-socorros e postos de saúde em atividade. Além disso, muitas dessas unidades foram definidas para locais que não precisavam delas ou nos quais a prefeitura não tinha como arcar financeiramente com a sua parte.
Na prática, a crise no setor público faz com que, cada vez mais, os municípios precisem bancar os investimentos nessa área, pois as verbas federais escassearam. Diante dessa nova realidade, impõe-se uma mudança imediata nos critérios de repasse de recursos oficiais, hoje excessivamente engessados.
Os gestores municipais precisam de mais autonomia para gerir as verbas do SUS, desde que a destinação seja acompanhada sempre de total transparência. É importante que os equívocos responsáveis por essas distorções sejam enfrentados, para corrigir os problemas e evitar sua repetição.