A descoberta de um túnel sofisticado nas proximidades da Cadeia Pública de Porto Alegre (Presídio Central), em fevereiro, e o roubo de um helicóptero supostamente com o objetivo de resgatar presidiários em Charqueadas são indícios claros de que as facções criminosas planejam ações cada vez mais ousadas no Estado. Esta constatação impõe duas reações imediatas dos órgãos de segurança: reforço na guarda e na vigilância dos presídios que abrigam lideranças importantes do crime e investimento no serviço de inteligência policial, para que operações pouco convencionais também possam ser previstas ou detectadas na sua origem.
O uso de helicóptero em fuga de criminosos não chega a ser novidade no país. O que surpreendeu na frustrada tentativa do último final de semana foi o roubo do equipamento e a substituição do piloto por um integrante da facção suspeita de planejar a operação. As investigações ainda estão em andamento, mas tudo indica que os delinquentes chegaram a dar um sobrevoo e preparar o aparelho para o resgate que acabou não ocorrendo.
Assim como o terrorismo internacional utiliza cada vez mais o elemento surpresa para perpetrar suas ações, fazendo uso de armas imprevisíveis, como caminhões e aviões, também os criminosos comuns tentam burlar a segurança pública e privada com criatividade e ousadia. A resposta para isso tem de ser vigilância redobrada, prevenção e comunicação rápida e eficiente, para que as forças policiais continuem se antecipando às ações.