Até recentemente, vínhamos trilhando um perigoso caminho. A intervenção no mercado, a insegurança jurídica e o enfraquecimento tanto da democracia quanto da sociedade civil fizeram parte de um longo e danoso projeto que culminou com a recessão econômica e moral que ainda atinge o nosso país.
A inversão de valores estava clara no dia a dia das pessoas. As funções básicas do Estado foram relegadas ao segundo plano, quando não desmontadas. A situação da segurança pública não deixa dúvidas sobre isso. Com o tempo, o efetivo foi diminuindo e os investimentos em pessoas e equipamentos escasseando. Na sociedade, uma minoria ruidosa transformou os criminosos em vítimas e os policiais nos transgressores. Assim, havendo uma prisão, não seria surpresa se o policial devesse mais explicações pela prisão do que o criminoso pelo delito. O Estado passou a existir como um fim em si mesmo, isentando-se inclusive de prestar contas à sociedade.
O setor privado, que gera desenvolvimento e oportunidades para as pessoas, passou a ser considerado o explorador. O Estado foi alçado a uma posição moralmente superior, mesmo explorando a população com tributos que somam 40% do PIB, notoriamente tomado pela corrupção e sem entregar os serviços mais essenciais aos cidadãos. A legislação tornou-se um emaranhado normativo inconstante que, sem levar em conta qualquer critério de proporção ou custo, utilizava o politicamente correto como critério. A razão foi solenemente ignorada, demasiadamente inconveniente para receber atenção. Perdemos empregos, investimentos e, principalmente, um tempo que não volta mais na vida de cada brasileiro.
O Brasil foi assim se desconstruindo. É nessa hora mais escura, contudo, que se vê a força de um povo. A sociedade levantou-se para exigir as mudanças necessárias. Vimos um impeachment acontecer e a corrupção passar a ser efetivamente combatida. Agora, as reformas trabalhistas e da Previdência definirão a nossa capacidade de fazer as reformas necessárias. Não haverá uma solução mágica e as propostas, ainda que não sejam perfeitas, são indiscutivelmente necessárias.
Assim como em outros casos, mesmo que votadas no Congresso, é o apoio da população que definirá os resultados. O Brasil não pode mais esperar.