É alarmante e insustentável o modelo de aposentadorias especiais dos servidores públicos no Estado, que favorece particularmente categorias na maioria das vezes insatisfeitas com a remuneração, mas numerosas. A elevada quantidade de benefícios precoces para servidores de algumas áreas reforça o caráter emergencial de uma reforma hoje difícil de ser aprovada, devido à pressão de corporações, mas que, se não sair, vai levar as finanças do Estado ao colapso.
Obviamente, a responsabilidade não é de servidores que, ou por enfrentarem dupla jornada, como é o caso de professores habituados a levar trabalho para casa, ou por atuarem em atividade de risco, como policiais, tendem a cessar as atividades antes do tempo. Mas é inadmissível que, numa situação de caos como a das finanças públicas gaúchas, não haja até hoje qualquer limite às aposentadorias precoces. Entre essas, a que mais preocupa é a de policiais militares, pois o comprometimento da folha com inativos já é alarmante.
No caso dessas categorias, até poderia haver um regime especial, mas não com vencimentos integrais, que servem de estímulo à inatividade. Como os sindicatos de servidores públicos opõem forte resistência a qualquer mudança nas regras da aposentadoria, o governo do Estado decidiu transferir as expectativas para a reforma em âmbito nacional, que também segue incerta.
O poder público gaúcho não pode se conformar diante da situação. Nesse nível de descontrole, os contribuintes perdem duplamente, sob a forma de gastos excessivos e de dificuldade de reposição de servidores aposentados.