Uma das características do sistema financeiro nacional é sua forte concentração.
Os cinco maiores bancos brasileiros – Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Federal, estes últimos públicos – detinham em novembro último cerca de 77% do mercado brasileiro de crédito e concentravam 67% do total das captações.
Ocorre desde o final dos anos 1990, quando o sistema passou por ampla reestruturação, caracterizada por consolidações de bancos, liquidações, fechamentos e dois programas de reestruturação, os conhecidos Proer e Proes, que abrangeram bancos privados e públicos.
Posteriormente, pelas oscilações econômicas que se sucederam, diversos bancos desapareceram, foram incorporados ou quebraram. Quem não lembra de instituições como Bamerindus, Econômico, Nacional, bem como casos mais recentes, como Santos, Rural, Cruzeiro do Sul e PanAmericano, todos bancos privados que tiveram problemas?
Grandes incorporações também aconteceram, como a do Real, Meridional e Banespa pelo Santander, do Unibanco e City pelo Itaú e do HSBC pelo Bradesco, além de outras tantas que não citamos aqui.
Em um país com as elevadas taxas de juros que temos, certamente a concentração bancária não ajuda.
Neste mercado, chama atenção a participação dos dois principais bancos públicos, BB e CEF, que, talvez por questões não planejadas, acabam por desempenhar um papel importante na redução dos efeitos desta absorção bancária privada, sendo que em uma análise de resultados, mostram-se bastante competentes quando verificamos sua participação no mercado. Juntos, representavam cerca de 47% do total do crédito contra 29% dos três principais bancos privados e capturavam 37% dos depósitos contra 30% dos privados.
O Rio Grande do Sul, pela existência do Banrisul, é um dos poucos Estados da Federação que possui um sexto banco com participação relevante e de liderança em relação aos demais e, em especial, em relação aos bancos privados.
Se os bancos públicos possuem uma situação de liderança no mercado nacional, algumas competências devem ter, além da confiança, pois ninguém obriga o cliente a entrar em suas agências. Se complementarmente alcançarem um segundo requisito básico, que é sua preservação econômica e financeira e capacidade de gestão, estarão alcançando seus objetivos.
Restam então apenas discussões ideológicas, que não são objeto deste artigo, mas para quem acredita em mercado e competências, é uma boa reflexão.
Que cada um faça seu próprio juízo se a concentração bancária joga a favor da sociedade e que também é uma questão a ser acompanhada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).