Sartori já fez muito mal ao Rio Grande. Não preciso discorrer sobre isso porque os prejuízos destes dois anos de gestão já estão incorporados negativamente na vida dos gaúchos e gaúchas, principalmente daqueles que mais precisam dos serviços públicos e da proteção do Estado.
Mas, como se sabe, o mal não tem limites naturais. Precisa ser enfrentado para que seja barrado. Falo isso porque veio novamente à baila a ideia de privatizar o Banrisul. Não é um debate novo. No passado, um outro governo do PMDB, dirigido pelo ex-governador Britto, tentou realizar a maldade, coincidentemente no bojo de uma renegociação da dívida pública estadual. A ex-governadora Yeda fez outra tentativa e conseguiu ir um pouco mais longe, negociando no mercado algo em torno de 40% das ações do banco, o que equivale a cerca de R$ 300 milhões a menos nos cofres do estado todos os anos, um prejuízo e tanto para quem se vangloriava do déficit zero.
Britto e Yeda, entretanto, foram derrotados e o Banrisul continua forte e ativo na vida de nosso Estado. A resistência dos gaúchos garantiu a sobrevivência de um banco – cujo capital preponderante é público e regional -, que está entre os grandes bancos brasileiros e ocupa um papel fundamental na vida do Rio Grande do Sul, não apenas do ponto de vista econômico, mas também cultural, político e até na manutenção da autoestima da nossa população, tão aviltada nos últimos dois anos.
Não é apenas o patrimônio do Banco, avaliado em R$ 7 bilhões, ou sua lucratividade, que alcançou R$ 643 milhões em 2016, que importam nesta conta. Uma possível venda do Banrisul significaria perdermos a única instituição financeira que reconhece e tem como vocação apoiar os valores econômicos, culturais e humanos do Rio Grande.
A sanha do capital financeiro, que age para desenraizar as instituições e submetê-las totalmente à lógica globalizada da acumulação do capital, não está contente com o Banrisul forte. Mas nós, os gaúchos e as gaúchas, estamos. E precisamos fazê-lo cada vez mais forte. É por isso que essa maldade, nem mesmo Sartori e sua maioria parlamentar será capaz de realizar.