Duas semanas depois das manifestações do prefeito Nelson Marchezan sobre a intenção da prefeitura de agir com mais rigor contra os pichadores e de anunciar uma gestão privada do Mercado Público, o prédio histórico do centro da Capital amanheceu com as paredes externas cobertas por pichações, numa evidente afronta às autoridades e à própria população.
Há pelo menos dois aspectos deploráveis nesse episódio. O primeiro deles é a boçalidade dos vândalos que emporcalharam um monumento da cidade, ignorando o valor arquitetônico e cultural do prédio. O segundo é a omissão do poder público, que não consegue sequer vigiar um patrimônio de tamanho significado para a Capital e para o Estado.
Ao mesmo tempo, o triste episódio pode ser transformado em oportunidade para que o governo municipal passe do discurso à prática, corrigindo as falhas do serviço de vigilância terceirizado e pressionando os órgãos policiais para que encontrem os responsáveis pelo vandalismo, a fim de que sejam punidos na forma da lei. Desde 2015, vale lembrar, vigora em Porto Alegre uma legislação que impõe multa e reparação dos danos aos autores de pichações e degradações de prédios públicos, privados e monumentos na cidade. Portanto, não pode haver condescendência com pessoas que se comportam de forma criminosa e cometem atentados contra o patrimônio de toda a comunidade.