Há um mês, escrevi neste espaço a coluna intitulada "O Copom errou", quando, mesmo frente a um quadro favorável à redução da taxa Selic, como recessão persistente, inflação convergindo para o centro da meta e desemprego em alta, o Banco Central insistiu em fazer uma diminuição tímida dos juros.
Havia destacado também, anteriormente, alguns avanços importantes já obtidos pelo governo federal, como a aprovação da PEC que limita o crescimento dos gastos públicos e os ajustes na legislação trabalhista, além da decisão do encaminhamento da reforma da Previdência, básicas para colocar a casa em ordem.
Porém, no curto prazo, a retomada de nossa economia só se daria quando iniciado um ajuste mais agressivo da taxa Selic.
Em se tratando da redução da taxa de juros oficial, na realidade, o que existe são ciclos de elevação ou redução. Quando se quer conter a pressão inflacionária, inicia-se um ciclo de elevação da taxa, até o ponto em que ela permita trazer a inflação ao nível desejado.
O que ocorreu é que, com a disparada da inflação, que se aproximou dos 11% em 2015, foi necessário um ciclo de alta, até que ela cedesse aos níveis atuais e permitisse vislumbrar um índice para 2017 em torno de 4,5%.
Quando o Copom acreditou que as condições econômicas permitiriam o recuo da inflação aos níveis desejados, foi iniciado o atual ciclo de redução da Selic.
O erro agora é que, dado especialmente o nível da recessão e o derretimento das previsões de crescimento para 2017 e tendo iniciado um ciclo de redução da taxa, com o mercado prevendo que, no final do ano, ela se situe abaixo de 10%, o seu gerenciamento deveria ser mais bem implementado, ou seja, de forma mais acelerada.
Após a redução de 0,75 p.p, para os atuais 13%, que surpreendeu positivamente, pois majoritariamente o mercado acreditava em 0,50 p.p, mudaram-se as apostas para até mais três quedas de 0,75 p.p nas próximas reuniões, o que já impactou em uma melhoria no ânimo dos agentes econômicos.
Como a Selic ficou em 13% e o consenso diz que, ao final do ano, poderá cair a um dígito, estamos no início do atual ciclo de baixa. Nesse sentido, o Copom poderia ser mais agressivo na redução da taxa e ir ajustando a velocidade da queda na medida em que os indicadores econômicos evoluírem. Se, ao longo do ano, a inflação voltar a ameaçar, a redução do ciclo poderá ser revista, ou seja, faça-se o ajuste fino ao seu final e não no seu início.
Portanto, entendo que há espaço para o Banco Central ser mais agressivo e, nas próximas reuniões, promover pelo menos mais dois cortes de 1 p.p e monitorar a evolução dos indicadores econômicos para a sequência do processo mais rápido de redução.
O entendimento e o correto gerenciamento do aqui exposto serão decisivos para uma retomada mais rápida da economia e do emprego.