É natural e democrático que os sindicatos representativos dos servidores públicos prestes a perderem o emprego, devido à extinção de fundações no Estado, ingressem na Justiça do Trabalho para garantir seus direitos. Da mesma forma, é normal que o governo, em nome da maioria da população, utilize os recursos legais ao seu alcance para manter a decisão homologada pela Assembleia Legislativa. A questão de fundo, porém, não será alterada pela disputa judicial: o Estado não tem recursos para manter a estrutura que precisa ser redimensionada para permitir maior atenção a áreas nas quais a atuação do governo é essencial.
Sob o ponto de vista do interesse público, um aspecto importante registrado até agora é o fato de o Executivo ter conseguido, finalmente, convencer uma maioria de parlamentares de que o Estado não pode se manter imutável diante de mudanças que se impõem e de novas exigências da sociedade. Por mais que estejam associadas a uma fase de maior expansão do poder público, muitas das fundações extintas não têm como continuar sendo mantidas quando não há sequer recursos suficientes para a saúde, a educação e a segurança pública.
A expressiva vitória política obtida pelo Piratini na Assembleia, porém, precisa ter continuidade agora com atenção especial aos 1.199 servidores dispensados e para os quais deve ser assegurado o cumprimento de todas as exigências legais. Esse é um momento desafiador, de um lado, para os negociadores do Piratini e, de outro, para os dos sindicatos. É importante que também a sociedade se mantenha atenta para evitar qualquer ameaça aos avanços já assegurados para o conjunto da sociedade.