Como já era previsível pelo menos desde a campanha eleitoral, não demorou para que a situação de penúria nas finanças da prefeitura de Porto Alegre, a exemplo do que ocorre com as do governo do Estado, também se tornasse evidente. Recém empossado, o prefeito Nelson Marchezan confirma que, passado o alívio propiciado pela antecipação do pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), os servidores municipais também começarão a enfrentar atraso no pagamento dos salários. Mais uma vez, a conta da demora de gestores públicos em adequar os gastos à realidade das receitas recai sobre o funcionalismo.
Os munícipes, que pagam impostos para permitir que a prefeitura possa cumprir com suas obrigações, já vinham há mais tempo sendo punidos. O aguçamento da crise, porém, tornou mais visíveis problemas como obras inacabadas, calçadas deterioradas, recolhimento deficitário do lixo e postos de saúde sem conseguir atender à demanda. O prefeito, eleito com o compromisso de enfrentar essas e outras questões, precisa criar as condições para isso.
Diante dessa situação, impõem-se e são justificadas medidas objetivas, como é o caso da definição de um teto salarial para ocupantes de cargos em comissão, muitos dos quais com ganhos incompatíveis com a situação das finanças municipais. Mas é importante que o processo de ajustamento mostre não apenas resultados imediatos, mas também duradouros, para que a prefeitura possa retomar logo a situação de normalidade.